Relatório da auditoria à CGD revela volumosas perdas nos grandes créditos

O relatório final da auditoria realizada à Caixa Geral de Depósitos foi divulgado esta sexta-feira.

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Natacha Nunes Costa com Lusa
01/02/2019 18:29 ‧ 01/02/2019 por Natacha Nunes Costa com Lusa

Economia

Banco

O relatório final da auditoria realizada à Caixa Geral de Depósitos, entregue esta sexta-feira no Parlamento pelo presidente do banco Paulo Macedo, foi divulgado ao final da tarde de hoje, no site da Assembleia da República, e revela volumosas perdas nos grandes créditos.

O relatório final foi divulgado no site do Parlamento - pode consultar aqui o relatório completo - depois de os deputados da comissão de inquérito terem avaliado se o documento poderia ser divulgado ao público em geral.

A versão do relatório divulgada pelo parlamento omite os nomes dos grandes devedores, os valores dos créditos concedidos e a exposição que a Caixa Geral de Depósitos ainda tinha a estes créditos no final de 2015 devido ao sigilo bancário.

Porém, a SIC Notícias está a avançar com os nomes das empresas que geraram maiores perdas ao banco público. Destaque para a Artlant cujo crédito resultou em perdas de 211 milhões para a CGD, a Investifino com perdas de 138 milhões de euros, a Fundação Berardo que gerou perdas de 124 milhões. Já o crédito concedido à Opway resultou em perdas de 77 milhões e de 18 milhões no empréstimo ao grupo Lena Construções.

Só 14 operações tiveram parecer favorável

Em 170 operações de concessão inicial de crédito, apenas 14 contaram com o parecer de risco favorável. Ainda assim, de acordo com o documento que foi hoje publicado no site do Parlamento, as perdas deste tipo de operações incluídas no top 25 que a auditora compilou, como sendo as mais problemáticas, "totalizaram 238 milhões de euros, o que corresponde a 13,5% das perdas totais da amostra", de acordo com o documento. 

A análise da consultora concluiu que a maioria dos casos analisados, ou seja, 80 operações, que representam perdas, no top 25, de 769 milhões de euros (43,7% do total) receberam um parecer de risco "condicionado ao acolhimento de um conjunto de requisitos prévios à concessão do crédito, e em que o Órgão de Decisão [que tomou a decisão de conceder o crédito], para além de não fazer depender a sua aprovação da concretização das respetivas condicionantes, não deixou evidência escrita que justifique esta decisão".

Houve ainda casos em que "não foi obtido o respetivo parecer individual de análise de risco", que totalizam 15 operações, sendo que as perdas destas operações no top 25 totalizaram 86 milhões de euros, "o que corresponde a 4,9% das perdas totais da amostra", lê-se no relatório.

Por outro lado, em 43 operações analisadas, num total de 122 milhões de euros em perdas (6,9%), no top 25, o parecer de risco foi condicionado, mas "as respetivas condicionantes ou foram acolhidas por parte do órgão competente ou existe uma justificação para a sua não acomodação por parte do mesmo".

O documento dá ainda conta de "operações que foram autorizadas pelo Órgão de Decisão competente (em linha com normativo existente) com parecer de risco que acompanhava a proposta comercial desfavorável, não tendo sido apresentada evidência do racional que esteve subjacente à decisão", num total de 13, "verificando-se que do top 25 as perdas destas operações totalizaram 48 milhões de euros, o que corresponde a 2,8% das perdas totais da amostra".

[Notícia atualizada às 20h12]

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