O governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, pediu escusa nas decisões do supervisor sobre a auditoria à Caixa Geral de Depósitos (CGD) por ter exercido as funções de administrador do banco, nas áreas de marketing e internacional, entre 2004 e 2006, período abrangido pela auditoria da EY. Este pedido de escusa, saliente-se, foi aceite.
"Tendo em conta que o seu mandato na CGD está incluído no período que foi objeto de análise na auditoria da EY à CGD (2000-2015), o Governador comunicou ao Conselho de Administração do Banco de Portugal a sua intenção de não participar nas decisões do Banco de Portugal decorrentes das conclusões desta auditoria, tendo o Conselho de Administração aceite este motivo de escusa", pode ler-se no esclarecimento divulgado, esta sexta-feira, pelo supervisor.
Ainda assim, sublinhe-se, Carlos Costa diz estar "totalmente disponível, como sempre esteve, para prestar todos os esclarecimentos que a Assembleia da República entender necessários, designadamente sobre os termos da sua participação nos órgãos colegiais que aprovaram as operações que são objeto da auditoria da EY à CGD", pode ler-se no comunicado.
Este esclarecimento do governador do BdP vem no seguimento da notícia avançada esta sexta-feira pelo Jornal Económico, a dar conta de que o supervisor estaria a avaliar a responsabilidade de ex-gestores da CGD nas decisões de negócios ruinosos do banco público. Porém, este exame excluiria o Carlos Costa.
Também a revista Sábado noticiou que Carlos Costa esteve em, pelo menos, quatro reuniões onde foram aprovados empréstimos a devedores, que acabaram por resultar em perdas elevadas para a CGD. Segundo a publicação, não há, no entanto, registo de o atual governador do BdP ter contestado ou questionado esses mesmos créditos.
Recorde-se que a concessão de créditos mal fundamentada, a atribuição de bónus aos gestores com resultados negativos, interferência do Estado e ineficiências na gestão de risco são os principais problemas apontados pela EY à CGD.