Carlos Costa pediu em novembro para não participar na auditoria à CGD
O governador do Banco de Portugal (BdP) disse hoje que pediu em novembro para não participar em decisões sobre a auditoria à Caixa Geral de Depósitos (CGD), em que foi administrador, o que foi aceite na altura.
© Lusa
Economia Governador
"Em complemento do comunicado publicado em 8 de fevereiro 2019, o Governador esclarece que o pedido de escusa relativamente à participação em deliberações do Banco de Portugal sobre situações abrangidas pela auditoria da EY à CGD foi apresentado na ocasião da primeira deliberação tomada neste âmbito, em 06 de novembro de 2018, e nessa data aceite pelo Conselho de Administração", lê-se na breve nota hoje divulgada pelo banco central.
Na sexta-feira passada, Carlos Costa disse em comunicado que pediu para não participar nas decisões do banco central sobre a auditoria da EY à CGD por ter sido administrador entre 2004 e 2006 e que esse pedido foi aceite pelo Conselho de Administração.
O esclarecimento foi então divulgado a propósito de notícias da revista Sábado e do Jornal Económico.
A revista noticiou que Carlos Costa participou na aprovação de "créditos ruinosos a Berardo e Manuel Fino", depois de consultas a atas da CGD que referem que "esteve em pelo menos quatro reuniões do Conselho Alargado de Crédito nas quais foram aprovados empréstimos a devedores problemáticos".
Já o jornal noticiou que o governador "ficou de fora do exame que o próprio supervisor está a realizar aos antigos administradores da CGD, apesar de ter estado no banco público entre 2004 e 2006".
Ainda nesse esclarecimento, Carlos Costa dizia que quando foi administrador da CGD era responsável pelas áreas de 'marketing' e internacional e que "não teve responsabilidades nas áreas de crédito, risco, acompanhamento de clientes ou de controlo e auditoria interna".
Contudo, acrescentou, está "totalmente disponível" para prestar os esclarecimentos que o parlamento entenda necessários, "designadamente sobre os termos da sua participação nos órgãos colegiais que aprovaram as operações que são objeto da auditoria da EY à CGD".
Há três semanas estalou uma nova polémica em torno da CGD devido à auditoria, encomendada pelo Governo em 2017, que revelou - para o período entre 2000 e 2015 - a concessão de créditos mal fundamentada, atribuição de bónus aos gestores com resultados negativos, interferência do Estado e aprovação de empréstimos com parecer desfavorável ou condicionado da direção de risco, com prejuízos significativos para o banco público.
A auditoria da EY está agora a ser analisada pelo Banco de Portugal, para avaliar se foram cometidas contraordenações.
Já o Ministério Público está a avaliar se há crimes envolvidos, enquanto a CGD está a analisar os atos de gestão desse período para eventualmente colocar ações de responsabilidade civil sobre ex-gestores.
Ainda depois do esclarecimento do governador da semana passada, o deputado do PSD Duarte Pacheco pediu para saber se outros administradores "que por razões diretas ou familiares" tenham eventuais conflitos de interesse vão também pedir escusa a participarem na análise à auditoria sobre a CGD.
Questionado sobre se estava a referir-se à vice-governadora Elisa Ferreira, cujo marido (Fernando Freire de Sousa) foi vice-presidente da La Seda, uma das empresas analisadas na auditoria pelo prejuízo causado ao banco público, Duarte Pacheco não quis responder, afirmando apenas que o PSD levanta essas dúvidas "por uma questão de transparência" e que é normal que assim seja após o governador "ter tomado a posição" conhecida hoje.
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