Sindicato apresenta nova proposta à ANTRAM. Salário base é de 700 euros

A primeira proposta apresentada pelo sindicato de motoristas de transportes de matérias perigosas era de 1.200 euros.

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Beatriz Vasconcelos com Lusa
08/05/2019 15:01 ‧ 08/05/2019 por Beatriz Vasconcelos com Lusa

Economia

Motoristas

A ANTRAM esclareceu, esta quarta-feira, que o sindicato dos motoristas de matérias perigosas adotou uma "clara mudança de postura", tendo apresentado uma contraproposta de 700 euros de salário base, um valor inferior aos 1.200 reivindicados inicialmente por estes trabalhadores.

Contactada pelo Notícias ao Minuto, fonte da ANTRAM confirmou que o sindicato se comprometeu, até ao final do mês, em não fazer greve. 

"Após a rejeição expressa pela ANTRAM [Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias] da proposta apresentada pelo SNMMP na primeira reunião, e que consistia num salário base de 1.200,00 euros e na consagração da categoria profissional especifica para motoristas de mercadorias perigosas, aquele sindicato, numa clara mudança de postura, a que não foram alheios os argumentos da ANTRAM apresentados ao longo dos últimos contactos, apresentou uma nova contraproposta negocial", refere a ANTRAM, num comunicado a que o Noticias ao Minuto teve acesso. 

Ora, esta nova posição aponta para um "salário base de 700 euros com efeitos a partir de dia 1 de janeiro de 2020, mantendo-se, em termos gerais, os termos do atual CCTV [Contrato Coletivo de Trabalho Vertical do setor rodoviário de mercadorias], ainda que reforçando, em sede de seguros, exames de saúde e subsídio diário adicional a criar, a proteção dos trabalhadores afetos ao transporte de mercadorias perigosas em cisterna", pode ler-se no mesmo comunicado. 

Este anúncio surge um dia após a ANTRAM e o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) terem estado reunidos no Ministério das Infraestruturas, em Lisboa, sob a mediação do Governo, representado pelo advogado Guilherme Dray.

No encontro, as duas estruturas acordaram também um pacto de paz social por cerca de 30 dias, período durante o qual vão apresentar a proposta em causa aos seus associados.

Terminado este prazo, patrões e sindicato voltam à mesa de negociações.

"A ANTRAM já tinha manifestado que, qualquer negociação a ocorrer, terá sempre por base o atual contrato coletivo de trabalho firmado com a Fectrans [Federação dos Sindicatos de Transporte e Comunicações]. Paralelamente a este processo, a ANTRAM e a Fectrans darão início ao processo negocial iniciado na passada sexta-feira", lê-se no documento.

Após a reunião de terça-feira, também o assessor jurídico e antigo vice-presidente do SNMMP, Pedro Pardal Rodrigues, sublinhou que a associação empresarial demonstrou uma postura diferente durante as negociações, cedendo em vários pontos.

"Chegámos aqui a algumas coisas muito importantes, nomeadamente, relativamente à carga horária que estava sobre estas pessoas, passando a respeitar os horários de trabalho como os de qualquer outro trabalhador", referiu, na altura.

Por outro lado, a ANTRAM comprometeu-se a "verificar as questões relacionadas com o seguro de saúde" e no que diz respeito às questões pecuniárias "foi chegado a um valor que se aproxima muito" do que havia sido pedido, garantiu o sindicato.

Com este entendimento preliminar ficou, para já, afastado um novo cenário de greve, admitido pelo SNMMP na última reunião com a ANTRAM, caso a associação não se pronunciasse sobre as reivindicações dos motoristas.

Recorde-se que o caderno reivindicativo dos motoristas incluía, além de uma remuneração base de 1.200 euros, um subsídio de 240 euros e a redução da idade de reforma.

O Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas foi criado no final de 2018 e tornou-se conhecido com a greve iniciada no dia 15 de abril, que levou o Governo a decretar uma requisição civil e, posteriormente, a convidar as partes a sentarem-se à mesa de negociações.

A arbitragem do executivo fez com que representantes sindicais e empresariais chegassem a acordo, no dia 18, definindo um calendário para o início das negociações, sendo a paralisação desconvocada de imediato.

Durante os três dias de paralisação o sindicato conseguiu mais 200 membros, que são agora mais de 700, num universo de cerca 900.

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