Este foi o resultado da primeira reunião de conciliação entre o banco liderado por Miguel Maya e o Sindicato dos Bancários do Norte (SBN), Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) e o Sindicato Independente da Banca (SIB), realizada na Direção-Geral do Emprego e das Relações do Trabalho (DGERT), no Porto.
Segundo o presidente do SBN, Mário Mourão, o BCP ficou de entregar uma contraproposta "no início da próxima semana" para ser avaliada pelos sindicatos e discutida na próxima reunião, em 7 de junho.
"Espero que o BCP apresente uma proposta e que não feche as portas, mas sim incentive o diálogo e a concertação, pois isso ajudará também ao processo relativo às remunerações de 2019", disse à Lusa o sindicalista.
A reunião de conciliação foi requerida pelo SBN e participaram também as outras duas estruturas sindicais "todos empenhados, em uníssono, para o objetivo comum de obrigar o BCP à negociação coletiva", lê-se num comunicado conjunto divulgado esta tarde.
O SBN exige atualizações salariais com efeitos a 2018, pedindo desde já os aumentos salariais acordados entre os sindicatos e a Associação Portuguesa de Bancos (que foram em média de 0,75% em 2018), ao mesmo tempo que continuam as negociações para a revisão do acordo de empresa do BCP.
Segundo explicou à Lusa Mário Mourão, há quase dez anos que os trabalhadores do BCP não têm aumentos salariais, tendo tido mesmo cortes entre meados de 2014 e 2017, e o presidente executivo do banco, Miguel Maya, recusou em reunião aumentos salariais relativos a 2018.
"Não aceitamos que em 2018 haja um apagão", referiu.
Já para 2019, o banco quer dar aumentos de 0,6% e recusa-se a negociar, diz o dirigente sindical, considerando que isso não é negociar, uma vez que um processo negocial exige "sentar à mesa e aproximar posições".
Mário Mourão diz mesmo que o Banco Comercial Português nunca respondeu à proposta reivindicativa do sindicato e acrescentou que o Novo Banco que está em situação mais difícil acompanhou, no ano passado, os aumentos salariais do setor.
"Além disso, no ano passado o BCP não se coibiu de pôr 4,9 milhões de euros no fundo de pensões para administradores", referiu o presidente do SBN.
Por causa da falta de melhorias salariais, os trabalhadores do BCP manifestaram-se quarta-feira em frente às instalações do banco no Taguspark, em Oeiras, coincidindo com a assembleia-geral anual de acionistas do BCP.
O BCP reduziu milhares de trabalhadores nos últimos anos e entre meados de 2014 e meados de 2017 corotu as remunerações acima de 1.000 euros brutos mensais (entre 3% e 11%), no âmbito do plano de reestruturação acordado com Bruxelas que se seguiu à ajuda estatal (de 3.000 milhões de euros).
Os cortes salariais acabaram em julho de 2017, tendo então o banco dito que permitiram salvar 400 postos de trabalho.
Então, o BCP prometeu devolver aos trabalhadores o valor cortado nesses anos, indo à próxima assembleia-geral a proposta de compensação de 12,6 milhões de euros.
Miguel Maya disse, em 09 de maio, na apresentação de resultados do primeiro trimestre, que a proposta de compensação aos trabalhadores é "mais generosa" do que a proposta de dividendos aos acionistas.
Sobre a revisão do acordo de empresa, que está a ser negociada com os sindicatos, Miguel Maya não adiantou então detalhes, dizendo apenas que o processo decorre.
O BCP tinha 7.262 trabalhadores em Portugal no final de março.
Contactada pela Lusa, fonte oficial do BCP recusou fazer comentários enquanto decorrem as negociações.