Fernando Marques Jorge, que recentemente criticou o primeiro-ministro, António Costa, por o Governo não indemnizar a família de um funcionário do município que morreu a combater um incêndio, disse ainda nada temer sobre estas buscas da PJ, organização que procura indícios de um alegado esquema fraudulento de viciação de procedimentos de contratação pública relacionado com transportes.
Fernando Marques Jorge reforçou que há várias semanas que estava à espera que acontecesse uma situação destas na autarquia que lidera: "A Câmara de Oleiros preza-se por ter uma conduta e um presidente que está há seis anos no cargo e que ainda não meteu uma ajuda de custo, nem dormidas ou almoços. Até o seu vencimento [do presidente] é público, já que o vai doando a instituições ou pessoas necessitadas", frisou.
Afirmou ainda que "não tem medo nenhum" e disse esperar que a PJ torne público aquilo que o município pagava de transportes em 2013.
"Alguém neste país anda a comer as câmaras, mas Oleiros não deixa. Podem fazer aquilo que quiserem, porque aqui não há corrupção. Já sabemos que, quem se mete com algumas pessoas, leva", afirmou.
O autarca teceu ainda críticas ao atual Governo e considerou ser de uma "injustiça atroz" a política de discriminação negativa relativa às populações mais despovoadas, nomeadamente ao nível da mobilidade.
"Oleiros e outros concelhos do distrito de Castelo Branco não beneficiam um cêntimo do programa de mobilidade do Governo. Tudo isto mexe com alguém que faz férias quando o país está a arder", concluiu.
Disse também que, "agora, as pessoas não pagam nada nas viagens aos mercados semanais, nem os alunos nos transportes escolares".
"A Câmara de Oleiros está a pagar muito menos do que anteriormente. Aquilo que sei é que a PJ está a investigar os transportes no concelho, o que não me admira em virtude das entrevistas e afirmações que tenho feito publicamente e sei que isso mexe com alguém. Basta ver o que tenho dito", reforçou.
"Quando cheguei à Câmara de Oleiros, esta pagava de transportes escolares e de apoios à Transdev uma determinada verba, que era significativa. Ano após ano, rescindi contratos, porque achava que estava a pagar demasiado dinheiro", afirmou à agência Lusa Fernando Marques Jorge.
A Polícia Judiciária (PJ) realizou hoje buscas em 18 câmaras municipais do Norte e Centro de Portugal relacionadas com um alegado esquema fraudulento de viciação de procedimentos de contratação pública, informou fonte policial.
A operação, com o nome de código "Rota Final", incluiu também buscas em entidades públicas e empresas, sendo realizadas pela Diretoria do Norte da PJ, com o apoio de vários departamentos de investigação criminal e da Diretoria do Centro, no âmbito de um inquérito titulado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Coimbra.
Ao todo, foram 50 as buscas realizadas, envolvendo 200 elementos da Polícia Judiciária - inspetores, peritos informáticos, peritos financeiros e contabilísticos.
As 18 câmaras alvo de buscas foram as de Águeda, Almeida, Armamar, Belmonte, Barcelos, Braga, Cinfães, Fundão, Guarda, Lamego, Moimenta da Beira, Oleiros, Oliveira de Azeméis, Oliveira do Bairro, Sertã, Soure, Pinhel e Tarouca.
A operadora de transportes públicos Transdev é uma das visadas nas buscas realizadas hoje pela Polícia Judiciária (PJ), que se estenderam a 18 câmaras do Norte e Centro, no âmbito da operação "Rota Final", disse uma fonte policial.