Em causa está o facto de a fundação que une o Estado e José Berardo não ter calculado, nas contas do ano passado, o impacto da ação de execução de 962 milhões de euros que foi lançada pela Caixa Geral de Depósitos, Banco Comercial Português e Novo Banco contra o empresário e a Fundação José Berardo.
Apesar de as contas terem sido feitas em conformidade com o sistema contabilístico internacional, "não foi dado integral cumprimento aos requisitos previstos na norma, na medida em que as demonstrações financeiras anexas não divulgam a informação sobre este evento subsequente e sobre a avaliação do conselho de administração da Fundação relativa ao impacto que o mesmo poderá ter na prossecução do objeto da Fundação", pode ler-se no relatório (página 66).
Em 2006, a Fundação Coleção Berardo foi criada com a participação do colecionador, do Estado, através do Ministério da Cultura, e da Fundação Centro Cultural de Belém (CCB), com a missão de criar o Museu Berardo para exibir um acervo inicial de 862 obras da coleção de arte moderna e contemporânea do empresário.
As obras foram então cedidas ao Estado, num acordo de comodato por dez anos, e avaliadas nessa altura em 316 milhões de euros pela leiloeira internacional Christie's.