EUA alertam para "impactos" de práticas chinesas e russas em África

O secretário de Estado norte-americano para os Assuntos Africanos disse hoje que os países são soberanos na escolha de parceiros, mas alertou para os "impactos negativos" de certas práticas da China e Rússia em África.

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Lusa
05/07/2019 16:34 ‧ 05/07/2019 por Lusa

Economia

EUA

 

"Os países africanos são soberanos e podem escolher os seus parceiros, mas é de fundamental importância assinalar os impactos negativos que algumas práticas podem ter no desenvolvimento", disse o embaixador Tibor P. Nagy.

O secretário de Estado Adjunto dos EUA para os Assuntos Africanos falava hoje à agência Lusa, em Lisboa, à margem da conferência "Fortalecer a parceria americana e europeia com a África", que proferiu no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade de Lisboa.

O diplomata norte-americano apontou o "aumento drástico" do comércio e investimento entre África e os Estados Unidos como a primeira das quatro prioridades da estratégia norte-americana para o continente, mas sublinhou a importância de existirem benefícios mútuos.

Tibor P. Nagy assinalou diferenças entre as práticas das empresas europeias e norte-americanas e das chinesas e russas, denunciando, nomeadamente, falta de transparência dos contratos, não investimento na contratação de mão de obra local e desrespeito pela preservação do ambiente.

"Os chineses foram pioneiros ao irem para África", considerou o responsável da administração Trump, acrescentando que agora os Estados Unidos querem assegurar-se de que "o setor privado norte-americano" também participa no desenvolvimento do continente.

Para Nagy, em última análise quem acaba por beneficiar são os africanos, que têm mais opções de parceiros.

"Dizemos aos nossos amigos africanos que respeitamos a sua decisão soberana de fazerem parcerias com a China ou a Rússia, mas pedimos-lhes que considerem se essas parcerias estão alinhadas com as suas ambições de desenvolvimento sustentável", tinha dito antes durante a conferência.

O secretário de Estado adjunto destacou igualmente a aposta dos Estados Unidos na gestão do "tremendo potencial" que "o tsunami de juventude" africana representa para o continente.

A população africana deverá duplicar até 2050 para 2.5 mil milhões de pessoas, 60 por cento das quais terão menos de 25 anos.

"Temos de encontrar formas de que esta juventude tenha oportunidades de emprego e educação. Sabemos que a União Europeia partilha esta visão", disse, apontando que o investimento em educação "é a melhor forma de investir no futuro" e de manter estes jovens nos seus países.

O embaixador Nagy apontou também como prioridade dos Estados Unidos para África a promoção da paz e da estabilidade.

"Queremos trabalhar também com os nossos amigos que estão ameaçados pela instabilidade, quer seja devido ao extremismo violento ou as guerras civis para acabar tão depressa quanto possível com essa instabilidade", disse.

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