O Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) acusou, esta sexta-feira, a entidade que representa as empresas transportadoras (ANTRAM) de "jogos de bastidores" com o Governo "contra os motoristas", destacando uma alegada ligação do porta-voz da organização ao Partido Socialista (PS). Por seu turno, a ANTRAM diz que não vai entrar nessa discussão e acusa o sindicato de estar a 'fugir' ao essencial.
Numa carta enviada aos jornalistas, o presidente do SNMMP, Pedro Pardal Henriques, culpa o Governo por ter lançado uma "campanha difamatória" contra os motoristas, lembrando que são o "alvo mais fácil".
Pardal Henriques vai mais longe nas críticas ao Executivo, referindo que "o Governo continua impávido e sereno no meio destas barbaridades, sendo conivente com as mesmas", adianta.
Além disso, o sindicalista aponta o dedo ao porta-voz da ANTRAM, André Matias de Almeida, pelas "ligações diretas ao PS" e por ser "irmão do assessor do ministro da Economia".
Porém, contactado pelo Notícias ao Minuto, Matias de Almeida não se adianta nos comentários, justificando: "Nem eu nem a ANTRAM permitiremos que o debate seja levado para rente ao chão, porque o assunto em causa é muito mais importante".
Considera também que a postura do sindicato é a de "desfocar o debate e a informação do que se pretende, porque os documentos desmentem. Na ânsia de uma fuga para a frente passa para o ataque pessoal", referiu Matias de Almeida.
Esta semana, o secretário de Estado da Energia, João Galamba, disse que "o Governo está preparado para o que vier a acontecer" na eventualidade de uma greve geral de camionistas a partir de 12 de agosto, acrescentando que está já a ser preparada "uma rede de abastecimento de emergência" com um mês de antecedência.
Os sindicatos representativos dos camionistas não chegaram a acordo com a ANTRAM e entregaram um pré-aviso de greve, com início em 12 de agosto, após uma reunião de quase cinco horas, sob mediação do Ministério do Trabalho.
O pré-aviso de greve do SNMMP e do Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) propõe serviços mínimos de 25% em todo o território nacional, enquanto na greve de abril eram de 40% apenas em Lisboa e Porto.
A elevada adesão à greve de três dias em abril surpreendeu todos e deixou sem combustível grande parte dos postos de abastecimento do país.