Estamos na antecâmara de mais uma greve dos motoristas. O dia 12 de agosto está cada vez mais perto e não houve entendimento entre os sindicatos e a ANTRAM relativamente aos serviços mínimos, um papel que tem de ser assim assumido pelo Governo.
Se na greve da Páscoa, os grevistas ainda beneficiaram de alguma simpatia face às suas reivindicações, Luís Marques Mendes não antevê que isso se repita. “Esta greve será completamente impopular”, afiançou no seu espaço de comentário semanal na SIC.
“Esta greve é um desastre. É um exercício de oportunismo. É ao mesmo tempo uma evidência de falta de boa-fé negocial e é uma esperteza saloia que só acontece porque estamos próximos de eleições, para tentar pressionar o Governo”, fez notar Marques Mendes, que considera que o Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas “faria bem em reconsiderar” este novo protesto.
Sobre a atuação do Governo, para já, Marques Mendes deixou elogios.
“Acho que o Governo desta vez está a agir de forma diferente. Está a atuar com prevenção e a criar as condições para que o prejuízo seja o menor possível. Isso vê-se em dois planos. Acho que o Governo está a fazer de tudo para que os serviços mínimos sejam ambiciosos, alargados. E ao que apurei no âmbito dos serviços mínimos até estará previsto os movimentos de cargas e descargas, que é sempre algo que gera polémica. E depois o Governo está a prever e a mobilizar os agentes das forças de segurança e militares para apoio nesta matéria, designadamente para poderem conduzir algumas daquelas viaturas e substituir alguns daqueles grevistas”, analisou.
Para Marques Mendes este pode vir a revelar-se como o principal obstáculo do Governo até às eleições legislativas de outubro.
“Porque a questão dos incêndios, desde que não se registem mortes, não será um grande caso. Mas esta greve é um desafio sério. É uma faca de dois gumes. O Governo sai-se bem e sai reforçado se exercer autoridade, impuser as suas decisões e se elas forem respeitadas. Ou seja, se puser ordem na casa. Será como na crise dos professores, os portugueses apreciam e o Governo pode sair reforçado. Agora se o Governo for tímido, for relaxista, for de meias palavras ou meias decisões, aí pode sair penalizado”, afiançou o comentador.