A Caixa Geral de Depósitos (CGD) registou lucros de 282,5 milhões de euros no primeiro semestre de 2019, o que compara com os 194 milhões de euros registados no mesmo período de 2019, divulgou esta terça-feira o banco.
O valor registado neste semestre corresponde a um aumento de 46% face ao período homólogo do ano passado.
De acordo com o comunicado do banco, a atividade em Portugal gerou um lucro de 196,5 milhões de euros no primeiro semestre, o que compara com 118,7 milhões no mesmo período do ano passado.
O contributo para os lucros da atividade consolidada veio também do BNU Macau (com 33 milhões de euros), do BCI de Moçambique (com 19 milhões de euros) e ainda da sucursal de França (10 milhões de euros), tendo outros contributos totalizado 24 milhões de euros.
"Estes são resultados positivos, são resultados expressivos, mas numa conjuntura como todos sabem bastante difícil", disse Paulo Macedo na apresentação dos resultados à imprensa, em Lisboa.
O gestor referiu que "as curvas das taxas de juro foram sistematicamente ajustadas em baixa", algo que pode influenciar os resultados futuros dos bancos.
"Em termos de perspetivas, como se vê, decorrente deste tipo de margem que está a ser prevista e decorrente da taxa de juro, o que nós temos aqui é uma perspetiva da rentabilidade dos bancos mais baixa", sublinhou.
Em termos de custos, o banco público assinala que "os custos de estrutura mantêm a sua trajetória descendente", tendo os custos com pessoal sido reduzidos 7,8%, que correspondem a 25,2 milhões de euros, e os gastos gerais e administrativos baixado em 13,3%, correspondentes a 20,6 milhões de euros.
"Os custos de estrutura incluem na vertente de custos com pessoal um custo não recorrente de 35,5 milhões de euros para os programas de pré-reformas e rescisões por mútuo acordo, por contrapartida da utilização em igual montante da provisão constituída em 2017 para este efeito", assinala o banco em comunicado.
A margem financeira da CGD sofreu uma descida de 3,2% no semestre face ao período homólogo, o que corresponde a uma descida de 18,4 milhões de euros para 564,6 milhões.
De acordo com José Brito, administrador financeiro da CGD, a queda na margem está a associada à "queda das taxas de juro", ao "impacto na carteira de ativos financeiros" e ainda foi influenciada "pelo reembolso de créditos a entidades do setor público".
As imparidades de crédito da Caixa foram de 2,8 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, que representa um ponto base, o que compara com 38 pontos base no primeiro semestre de 2018.
A rendibilidade da Caixa registou uma subida de 2,1 pontos percentuais, passando de 5,3% no primeiro semestre de 2018 para 7,4% no mesmo período de 2019.
Em termos de comissões, em termos consolidados, a CGD registou uma subida de um milhão de euros na primeira metade de 2019, já que passou de 242 milhões de euros na primeira metade de 2018 para 243 para o mesmo período deste ano.
Na atividade doméstica, as comissões subiram 4%, de 186 milhões de euros nos primeiros seis meses de 2018 para 194 milhões no período correspondente de 2019.
Em termos de eficiência, o rácio 'cost-to-income' (custos de estrutura sobre o produto global de atividade e resultados de empresas por equivalência patrimonial) foi de 44% no primeiro semestre de 2019, uma descida face aos 50% registados no mesmo período do ano passado.
Sem custos não recorrentes, o indicador de eficiência 'cost-to-core income' manteve-se nos 55% no primeiro semestre de 2019, tal como tinha acontecido no primeiro de 2018.
Em Portugal, os recursos totais dos clientes da CGD aumentaram 2.193 milhões de euros no primeiro semestre de 2019, já que passaram dos 70.966 milhões de euros no semestre homólogo de 2018 para os 73.159 no primeiro deste ano.
Em termos de crédito malparado, a CGD continua a reduzir a sua carteira, já que este representou, no primeiro semestre de 2019, 7,3% do total, ao passo que tinha representado 10,3% em igual período do ano passado.
Já os rácios de capital estão acima do nível requerido pelo Banco Central Europeu (BCE), sendo o rácio CET1 de 14,8% (acima dos 9,75% regulamentares) e o total de 17,1% (acima dos 13,25% regulamentares).
No primeiro semestre de 2018, respetivamente, os rácios eram de 14,1% e 17,1%.
Sobre o subsídio de refeição nas férias aos trabalhadores, o presidente executivo do banco público, Paulo Macedo, disse que será pago nos próximos meses em "moldes diferentes", já que "o que estava a ser feito estava incorreto", e passará a ser tributado na forma de uma remuneração que "não o subsídio de refeição por dias de férias, que é coisa que não existe".