O governador do Banco da Inglaterra, Mark Carney, afirmou hoje que um Brexit sem acordo a 31 de outubro resultaria num "choque instantâneo" à economia do Reino Unido.
"Sem um acordo, o choque para a economia é instantâneo", disse Carney hoje, entrevistado pela rádio BBC Radio 4.
O responsável pela política monetária justificou que "as implicações económicas de uma saída sem acordo são que as regras do jogo para exportar para a Europa ou importar da Europa vão mudar completamente e algumas indústrias muito grandes neste país, que são altamente lucrativas, vão deixar de ser lucrativas".
As declarações são feitas um dia após a publicação das previsões de crescimento para 2019 e 2020, que foram revistas em baixa, para 1,3%, quando antes previam 1,5% e 1,6%, respetivamente.
O relatório trimestral sobre a inflação atribuiu esta decisão às incertezas do Brexit e ao abrandamento da economia mundial.
"Estes fatores devem continuar a pesar no crescimento a curto prazo e de forma mais acentuada do que tinha sido antecipado em maio", referiram os membros do comité de política monetária do banco central, que, por unanimidade, decidiram deixar a principal taxa de juro da instituição em 0,75%. Para 2021, é apontado um crescimento de 2,3%.
O Banco de Inglaterra estima que um Brexit sem acordo levará a uma desvalorização da libra, um aumento da inflação e uma desaceleração da economia britânica.
A saída britânica da União Europeia ('Brexit') está prevista para 31 de outubro e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, tem reafirmado que o Reino Unido vai sair naquela data, com ou sem acordo.