Motoristas: Sindicato aguarda "com tranquilidade" providência cautelar

O advogado do Sindicato Nacional de Mercadorias de Matérias Perigosas (SNMMP) disse esta terça-feira aguardar "com tranquilidade" o resultado da providência cautelar que cinco empresas estão a preparar para pedir a ilegalidade do pré-aviso de greve.

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Lusa
06/08/2019 20:45 ‧ 06/08/2019 por Lusa

Economia

Greve de motoristas

"Custa-me muito a acreditar que qualquer tribunal fosse decretar uma providência cautelar contra aquilo que está na Constituição, mas aguardamos com tranquilidade para ver o resultado", disse à SIC o advogado e porta-voz do sindicato, Pedro Pardal Henriques.

Segundo Pardal Henriques, "nunca existiu em Portugal uma providência cautelar para bloquear um direito à greve, como também nunca existiu, por exemplo, um Governo dizer que vai utilizar as Forças Armadas para bloquear um direito à greve".

"Fazer uma providência cautelar para evitar um direito constitucional do exercício do direito à greve parece-me mais uma vez uma manifestação de força, de supremacia ou de autoridade para bloquear os direitos dos trabalhadores", afirmou ainda o assessor jurídico do SNMMP.

Cinco transportadoras vão dar entrada na quarta-feira com uma providência cautelar a pedir a ilegalidade do pré-aviso de greve dos motoristas, disse o advogado Carlos Barroso à Lusa, do escritório que representa essas empresas.

O advogado não quis identificar as empresas que avançam com a ação, referindo apenas que são de diferentes dimensões, sendo três empresas de matérias perigosas (combustíveis, explosivos e gás e outras matérias perigosas) e duas empresas de carga geral (uma que atua sobretudo no setor da distribuição e outra em contentores e atividade portuária).

Na providência cautelar, que dará entrada no Tribunal do Trabalho de Lisboa, é pedida a ilegalidade do pré-aviso de greve e dos fundamentos do pré-aviso por considerarem que há um abuso do direito à greve e da boa-fé, já que estava em curso um processo negocial, e que está em causa o princípio da proporcionalidade.

O advogado disse que os seus clientes não compreendem esta greve quando havia um processo negocial a decorrer até 31 de dezembro, após os acordos de maio, e consideram que "a greve não tem correspondência com o que sindicato negociou com a [associação patronal] Antram".

"Embora no nosso país não haja muita jurisprudência sobre este tema, na União Europeia há jurisprudência sobre o abuso do direito à greve e da boa-fé", disse Carlos Barroso.

Além disso, afirmou, uma greve deve ser sujeita ao princípio da proporcionalidade, o que considera que nesta está em causa: "A partir momento em que a associação sindical tem asseguradas condições para os seus trabalhadores em 2020, 2021 e 2022 e vem convocar a greve, causa um prejuízo desproporcionado a terceiros e ao país".

A providência visa os dois sindicatos que convocam a greve - SNMMP e Sindicato Independente de Motoristas de Mercadorias (SIMM) -, mas também a associação patronal Antram - Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (onde são filiadas as empresas que apresentam a providência cautelar) e a DGERT - Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (que medeia negociações laborais, pertencente ao Ministério do Trabalho).

O prazo legal máximo para a decisão sobre a providência cautelar é de 10 dias, pelo que poderá haver uma decisão quando já estiver a greve em curso, que arranca no dia 12 de agosto por tempo indeterminado.

Carlos Barroso afirmou que, além de a providência cautelar já ser um ato urgente, irão ainda pedir ao juiz de turno para que haja uma decisão antes do início da greve.

Sindicato regista "boa vontade" do Governo mas diz que é insuficiente

"Não podemos estar a desmarcar uma greve só com a boa vontade do senhor ministro quando vemos que a Antram [Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias] não aceita absolutamente nada", afirmou à Lusa Pedro Pardal Henriques.

O representante legal do sindicato reiterou que, se a Antram não apresentar uma contraposta negocial até sexta-feira, véspera do plenário dos filiados no sindicato, agendado para sábado, a greve irá avançar na segunda-feira.

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