"Na minha opinião, o real desafio com que Portugal está atualmente confrontado é o de gerar e manter altos níveis de emprego e produtividade", afirmou hoje Carlos Costa em Zagreb, Croácia, num discurso no Banco Nacional Croata.
O governador considerou também que "reduzir os altos níveis de endividamento, em paralelo com criar condições que permitam o crescimento do investimento (tanto em quantidade e em qualidade), é essencial para a melhoria da situação atual da economia de Portugal".
"A experiência dos últimos 40 anos ensina-nos que o impacto inicial de um programa de assistência só será sustentável se houver mudanças estruturais que fomentem maior crescimento potencial", acrescentou.
O governador entende que "uma melhoria a longo prazo do bem-estar económico dos portugueses depende crucialmente da manutenção de um enquadramento macroeconómico sustentável que proporcione incentivos aos agentes económicos e siga uma agenda de reformas que apoie o crescimento a longo prazo".
Depois de explanar a experiência portuguesa na adoção do euro, o governador referiu que Portugal atravessou entre 1960 e metade dos anos 1990 "um longo período de real convergência" com os restantes países da União Europeia.
"Em contraste, os dados mostram um não progresso em convergência real da economia portuguesa nos últimos 25 anos", assinalou o governador, considerando o regresso da convergência uma tarefa "complexa e exigente" devido a fatores demográficos e ao avanço tecnológico.
Carlos Costa referiu que a convergência depende da capacidade de "promover uma eficiente alocação de recursos", "atingir altos níveis de produtividade", "gerar e manter altos níveis de emprego" e "assegurar que a combinação de capital e trabalho gera um resultado desejado e valorizado pelo mercado".
O governador classificou ainda de "história de sucesso" o Programa de Assistência Económica Financeira (PAEF), que decorreu entre 2011 e 2014 e envolveu o Fundo Monetário Internacional (FMI), Comissão Europeia (CE) e Banco Central Europeu (BCE), conhecidos como 'troika'.
Em relação ao euro, Carlos Costa crê que tem sido uma experiência "muito positiva" em Portugal e "representou uma mudança-chave de regime".