"Vejo com otimismo e com uma perspetiva positiva esta avaliação de impacto ambiental, uma das mais participadas de sempre e em que se discutiram grande parte dos assuntos e dos chamados impactes ambientais do aeroporto", disse Nuno Canta.
"Fomos dos primeiros a dizer que qualquer instalação de uma infraestrutura aeroportuária no território do Montijo teria de ter, obrigatoriamente, um enquadramento ambiental, teria de responder aos valores ambientais presentes no território e parece-me que este estudo, daquilo que conheço, responde aos grandes problemas que uma infraestrutura aeroportuária cria normalmente num território", acrescentou.
O presidente da Câmara do Montijo (PS), no distrito de Setúbal, falava à agência Lusa depois de, na quarta-feira, ter sido divulgada pela Agência Portuguesa do Ambiente a proposta de Declaração de Impacte Ambiental (DIA) relativa ao aeroporto do Montijo e respetivas acessibilidades.
A decisão é favorável, mas inclui um pacote de medidas de minimização e compensação ambiental que ascendem a cerca de 48 milhões de euros, particularmente para as questões relacionadas com o ruído, a mobilidade e a avifauna.
"As medidas preconizadas [...] vêm ao encontro das expectativas que tínhamos relativamente à necessidade de salvaguardar determinadas questões, como é a questão do ruído, fundamental para a população humana. E também para a avifauna, que, de algum modo, também é afetada pelo ruído", reconheceu Nuno Canta.
Segundo o autarca, as soluções encontradas são adequadas -- "criar novos habitats, recuperar as salinas abandonadas que existem no Montijo e noutros locais desta região, neste esteiro do Montijo", apontou.
Confrontado com as preocupações manifestadas por alguns especialistas e associações de defesa do ambiente, que não só advertem para os prejuízos ambientais provocados pela nova infraestrutura aeroportuária, como dizem tratar-se de uma solução que poderá ter um prazo de vida muito curto, de apenas 20/30 anos, Nuno Canta disse que agora o mais importante é assegurar a concretização das medidas cautelares da Declaração de Impacte Ambiental.
"A nossa preocupação agora é que estas medidas sejam implementadas e que sejam, porventura, melhoradas com a contribuição das universidades e das associações ambientalistas, que deveriam era estar preocupadas com esta instalação e com a implementação dessas medidas", considerou.
Alguns especialistas que se opõem à decisão, referiu, estão a negligenciar um facto -- o de que o aeroporto da Base Aérea do Montijo tem um território de cerca de 1.000 hectares, três vezes maior do que o aeroporto de Lisboa.
"É uma base aérea de excelência, mas o país agora tem necessidade de utilizá-la como infraestrutura aeroportuária civil. Neste projeto, vai continuar a funcionar a Base Aérea e há espaço para um aeroporto civil", acrescentou Nuno Canta.
O autarca do Montijo lembrou ainda que o futuro aeroporto do Montijo, se necessário, tem capacidade para duas pistas de descolagem e aterragem em simultâneo.