Protesto contra 8 anos de portagens na Via do Infante e sinistralidade
A Comissão de Utentes da Via do Infante voltou hoje a pedir a abolição das portagens na Via do Infante (A22) no Algarve, introduzidas há oito anos, considerando que contribuíram para o aumento da sinistralidade na Estrada Nacional (EN) 125.
© André Vidigal / Global Imagens
País EN125
"As portagens potenciam a sinistralidade rodoviária e vamos, uma vez mais, chegar ao final do ano com mais de 10.000 acidentes, como aconteceu em 2016, 2017 e 2018" afirmou hoje à Lusa o porta-voz da Comissão de Utentes da Via do Infante (CUVI), o deputado João Vasconcelos (BE).
Envergando coletes amarelos e faixas onde se lia "Portajar é matar", "EN125 estrada da Morte" ou "A cada hora há um acidente, você pode ser o próximo", os 15 participantes no protesto distribuíram panfletos aos automobilistas que passavam na EN125, na localidade da Luz de Tavira, concelho de Tavira, distrito de Faro.
"Desde 01 de janeiro até 30 de novembro, a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária revela que o Algarve já contabiliza 9.921 acidentes de viação, com 31 vítimas mortais e 206 feridos graves. São mais 23 acidentes e mais 19 feridos graves do que no mesmo período do ano passado", lamentou o porta voz.
João Vasconcelos destacou as 35 a 40 vítimas mortais dos acidentes que ocorreram nos últimos três anos na região e os 200 feridos graves, números que, realçou, "têm vindo a aumentar".
O dirigente recordou que o atual primeiro ministro prometeu nas eleições de 2015 que iria levantar as portagens reconhecendo que a "EN125 era um cemitério" e que o afluxo turístico da região o justificava e ainda "não cumpriu a palavra dada".
João Vasconcelos aproveitou para lamentar a posição dos seus colegas na Assembleia da República que, repetidamente, chumbaram as 10 propostas apresentadas pelos partidos de esquerda, para abolição das portagens nas antigas SCUT (Portagens Sem Custos para o Utilizador) durante a legislatura passada.
O impacto na economia da região é outra das razões apontadas pela comissão para abolição das portagens considerando que "quem fica a ganhar" é a concessionária da Via do Infante que recebe por ano 70 milhões de euros, 40 milhões do Estado e 30 milhões das portagens, o que "é imoral e um crime".
A estrutura que representa os utilizadores da A22 quer também posicionar-se "pela requalificação total e definitiva da Estrada Nacional 125 [EN125]", a única via alternativa à A22, mas que apresenta níveis de sinistralidade rodoviária elevados.
Passam hoje oito anos desde que foi introduzida a cobrança de portagens na A22 que liga o Algarve em quase toda a sua extensão, desde a fronteira com Espanha, em Castro Marim, a Bensafim, no concelho de Lagos, numa extensão de 133 quilómetros.
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