"Sempre que tive oportunidade, em todos os momentos da minha intervenção na Europa, tive a atenção e cuidado de trazer este assunto para a mesa. Estamos a fazer o pleno da nossa missão diplomática para podermos garantir que esta situação vai ser ultrapassada e vamos conseguir repor uma atividade fundamental para os Açores e a ilha de São Jorge em particular", disse Maria do Céu Albuquerque, após o Conselho de ministros da Agricultura da União Europeia.
A responsável governativa referiu que o assunto já fora abordado anteriormente com o comissário que transitou entretanto para a pasta do Comércio, Phil Hogan, com o novo comissário da Agricultura, Janusz Wojciechowski, e, agora, com o membro da Administração Trump para o setor, Sonny Perdue, desta feita num almoço de trabalho alargado a todos os ministros dos Estados-membros.
"Tivemos oportunidade de falar sobre algumas tensões comerciais que afastam o comércio entre a UE e os EUA. Mais uma vez, naquela sede, tive oportunidade de falar sobre a tensão que afeta os produtores portugueses, em particular a ilha de São Jorge, Açores, com a exportação do queijo, que tem expressão grande e está altamente lesada", afirmou.
Segundo a ministra da Agricultura, houve "uma grande sensibilidade para esta questão" por parte do responsável norte-americano, "que não quer que afete as trocas comerciais e isso é sinal de que pode haver aqui uma bandeira branca em breve para alcançar aquilo que a UE e Portugal têm vindo a pedir".
Maria do Céu Albuquerque referiu que, tal como Portugal, também França, Irlanda ou Holanda, entre outros, se manifestaram e, estando "todos à mesa e a falar a uma voz", a expectativa é a de que "possa ter consequências num futuro próximo".
Já em novembro, numa deslocação a Bruxelas, a ministra tinha manifestado preocupação com o impacto do agravamento das taxas sobre exportações de queijo açoriano para os Estados Unidos, decididas pela administração de Donald Trump, no seguimento do conflito comercial com a União Europeia.
Em outubro do ano passado, a Organização Mundial de Comércio (OMC) autorizou os Estados Unidos a imporem taxas de 7,5 mil milhões de dólares (cerca de sete mil milhões de euros) a produtos europeus, em retaliação pelas ajudas da UE à aviação.
Na lista de países afetados pelas taxas, que inclui Portugal, são visadas várias áreas, como a alimentar, incluindo leite, queijos, iogurtes e manteigas (tal como vários derivados e preparados com estes laticínios), sujeitos a taxas adicionais de 25%.
A aplicação das taxas são a consequência de um conflito de 15 anos entre a UE e os Estados Unidos sobre os apoios públicos às empresas fabricantes de naves aeronáuticas, em que a OMC reconheceu aos EUA o direito de usar taxas retaliatórias.