"A economia de Cabo Verde tem continuado a crescer a uma ritmo rápido, graças a um aumento do setor do turismo e planos para transformar o Sal numa plataforma aeroportuária multicontinental", escrevem os analistas da S&P.
A agência de notação financeira acrescenta que "o momento de firme crescimento económico deve manter-se, com disciplina orçamental, e com as medidas de fortalecimento das receitas a reduzirem os substanciais desequilíbrios orçamentais a médio prazo".
Na nota que acompanha a decisão de manter o 'rating' do país em B, abaixo do nível de recomendação de investimento, a S&P diz que "a perspetiva de evolução estável equilibra os riscos do desempenho económico, por exemplo devido a um choque externo no setor do turismo, com o progresso estável do Governo na redução dos desequilíbrios orçamentais".
Os analistas afirmam que o 'rating' pode melhorar se o executivo conseguir "manter a disciplina orçamental e, de forma credível, descer o volume de dívida para uma trajetória claramente descendente a médio prazo", e sublinham que é também necessário "acautelar os efeitos negativos das finanças das empresas públicas".
Em sentido inverso, o 'rating' poderá piorar se a balança de pagamentos enfraquecer mais do que o previsto ou se, por exemplo, o setor do turismo tiver uma quebra ou se houver uma pressão substancial nas reservas de moeda estrangeira, o mesmo acontecendo se a dívida pública piorar relativamente às previsões da S&P.
O 'rating' de Cabo Verde está condicionado "pelo alto nível de dívida pública do país, uma economia concentrada, baixo PIB [Produto Interno Bruto] per capital e uma posição externa vulnerável", lê-se na nota.
"Estes constrangimentos são mitigados, de alguma forma, pelo alto nível de financiamento concessional, maturidades de pagamento alargadas, e forte relacionamento com os doadores", explica a S&P.
A dívida pública, apontam os analistas, é elevada em função do PIB, mas baixa em termos absolutos: "Dado o tamanho pequeno do país, o nível de dívida em termos absolutos, em vez de em percentagem do PIB, é baixo, o que coloca um fardo menor para os doadores".
A perspetiva de evolução do crescimento económico "mantém-se genericamente favorável, concentrada no setor do turismo e apoiada pelo facto de ter um dos enquadramentos políticos e institucionais mais estáveis de África", concluem os analistas.
Nas previsões macroeconómicas, a S&P prevê um crescimento de 4,8% este ano, 5,1% em 2021 e 5% nos dois anos seguintes, esperando uma dívida pública de 113,6% este ano, 109,4% no próximo ano, descendo depois para 105,2% em 2022 e 100,9% em 2023.