"A pandemia do Covid-19 revelou em pouco tempo, como habitamos num mundo antigo. Colocou-se um estigma sobre a comunidade chinesa, apedrejaram-se supostos infetados ucranianos e, por junto, escolheu-se o medo em lugar de nos basearmos em factos [...]. Acima de tudo, produziram-se estigmas em lugar de exercer solidariedades", afirmou, Pedro Costa Ferreira, na apresentação do 46.º congresso da APAVT, em Lisboa.
Durante a sua intervenção, este responsável disse que o setor não deixa de defender ideias como a abertura de fronteiras, combate ao estigma e o direito a viajar e fazer férias.
"Se todos os políticos nos estão constantemente a dizer que, por terem responsabilidades políticas, nem por isso podem ser-lhes negados os restantes direitos de cidadania, mal seria que nós empresários, que financiamos todo o sistema político, não tivéssemos o direito de expressarmos as nossas opiniões", sublinhou.
No entanto, Pedro Costa Ferreira disse saber "como isto vai acabar", com os responsáveis que alimentaram "os media com o estigma" e o medo a "desvalorizar o assunto, em busca da serenidade que não se protegeu e da prudência que não se valorizou".
O próximo congresso da APAVT vai decorrer em Aveiro, entre 11 e 15 de novembro, tendo como tema "O Turismo, a modernidade de um mundo antigo".
O surto de Covid-19, detetado em dezembro, na China, e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou mais de 3.000 mortos e infetou quase 90 mil pessoas em 67 países, incluindo duas em Portugal.
Das pessoas infetadas, cerca de 45 mil recuperaram.
Além de 2.912 mortos na China, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América e Filipinas.
Um português tripulante de um navio de cruzeiros está hospitalizado no Japão com confirmação de infeção.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para "muito elevado".
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) confirmou os dois primeiros casos de infeção em Portugal, um homem de 66 anos e outro de 33, internados em hospitais do Porto.