Líder do BCE pede resposta orçamental "ambiciosa e coordenada"

A pandemia de coronavírus, um "choque importante" para a economia da zona euro, exige uma "resposta orçamental ambiciosa e coordenada" dos governos, afirmou hoje a presidente do Banco Central Europeu (BCE).

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Lusa
12/03/2020 16:31 ‧ 12/03/2020 por Lusa

Economia

Covid-19

 

O BCE considerou que há "um considerável agravamento das perspetivas de crescimento a curto prazo" na zona euro, explicou, remetendo uma resposta para os países, após uma série de medidas de apoio monetário anunciadas pelo banco central.

Têm ao mesmo tempo de "assumir o desafio sanitário" e "limitar o impacto económico", afirmou Lagarde, em conferência de imprensa.

A entrada ou não da zona euro em recessão "dependerá claramente da rapidez, da força e da natureza coordenada" da resposta "de todos os atores", defendeu Lagarde.

A zona euro tem registado uma propagação rápida do novo coronavírus, que afeta a via diária com regiões bloqueadas e o encerramento de fronteiras.

A pandemia tem afetado todas as cadeias de fornecimento, "perturbando os planos de produção no setor de manufatura", mas as "medidas necessárias para a contenção" afetam ainda mais a atividade, sublinhou Lagarde.

As previsões do BCE apontam agora para um crescimento de 0,8% em 2020, de acordo com os dados divulgados hoje. Em dezembro, o crescimento esperado era de 1,1%.

Para 2021, o crescimento esperado é de 1,3% (1,4% em dezembro) e em 2022 é de 1,4% (invariável).

No entanto, estas previsões, feitas até 24 de fevereiro, "já não estão atualizadas", uma vez que não têm em conta os mais recentes desenvolvimentos da pandemia.

O BCE anunciou hoje que vai lançar novos empréstimos alargados aos bancos com taxas vantajosas, na condição de ser concedido crédito às famílias e às empresas.

Para evitar incumprimentos associados à epidemia, o BCE vai dar "condições mais favoráveis" aos bancos na próxima linha de empréstimos, que vai decorrer a partir de junho de 2020, quando chegar ao fim a atual série de operações do mesmo género, e até junho de 2021.

A medida destina-se a "apoiar os empréstimos concedidos àqueles que são mais afetados pelo coronavírus, particularmente as pequenas e médias empresas", explicou a instituição.

Os bancos que emprestem dinheiro suficiente à economia podem ter uma taxa até 25 pontos base inferior à taxa de depósitos, que está em -0,50%, o que terá como efeito que os bancos que recorram a estas operações sejam remunerados pelo BCE quando emprestam o dinheiro.

O BCE decidiu ainda aumentar as compras de dívida pública e privada, o designado "QE" ("Quantitative Easing"), um programa que esteve em vigor entre março de 2015 e o fim de 2018 e foi reativado em novembro passado.

O Conselho de Governadores quer fazer uma aquisição adicional de 120 mil milhões de euros até ao final deste ano, além do volume mensal de 20 mil milhões de euros de compra de dívida.

A tónica será colocada na compra de dívida emitida pelas empresas, indicou o BCE, sem revelar a dimensão das aquisições.

A instituição, que já detinha até ao final de fevereiro mais de 2,6 biliões de euros de dívida no seu balanço, vai aumentar esse 'stock' para manter as boas condições financeiras no mercado.

Ao contrário das decisões de outros bancos centrais, como o Banco de Inglaterra e a Reserva Federal norte-americana, o BCE decidiu, na reunião de hoje, deixar as taxas de juro inalteradas, incluindo a taxa de depósitos, para a qual era esperada uma descida para terreno ainda mais negativo.

O BCE não descartou, no entanto, a possibilidade de novas baixas, para incitar os bancos a facilitarem o crédito às famílias e empresas.

Lagarde explicou que a decisão de manter as taxas de juro foi unânime e que a revisão da estratégia do BCE será adiada por seis meses.

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