De acordo com a segunda edição do barómetro semanal da Nielsen sobre o impacto da pandemia de covid-19 no consumo, a evolução nesta semana ficou marcada pelo facto de ter sido neste período que a Organização Mundial de Saúde declarou a covid-19 como pandemia, tendo ainda sido anunciado o encerramento de todas as escolas e surgido o continente europeu como o epicentro do surto.
De 9 a 15 de março, o destaque nas vendas foi assim "para as categorias mais essenciais para enfrentar esta situação": os produtos de higiene pessoal e do lar, cujas vendas aumentaram 95% face à semana homóloga, e os produtos alimentares, cujas vendas subiram 91%.
"Nos produtos de higiene pessoal e do lar, é o papel higiénico que regista o maior crescimento (acima dos 200%), mas lenços, rolos e guardanapos, produtos para roupa e loiça, limpeza do lar, higiene corporal, fraldas/toalhetes e cuidados de saúde também ultrapassam o dobro das vendas", refere a Nielsen.
Já no que respeita à alimentação, "as conservas e produtos básicos mantêm-se no topo, com crescimentos acima dos 200%", e os produtos instantâneos, alimentação infantil, congelados e azeite/óleos /condimentos e temperos "crescem também de forma muito acentuada, ultrapassando o dobro das vendas".
De acordo com a consultora, a preocupação com a 'preparação da despesa' -- a terceira de seis etapas identificadas pela Nielsen no comportamento do consumidor face à covid-19, depois da 'compra proativa de saúde' (primeira etapa) e da 'gestão reativa da saúde' (segunda etapa) -- foi "transversal em todo o território nacional", registando-se "fortes crescimentos" de 59% a 74% em todos os distritos.
Ainda assim, a Nielsen destaca os distritos de Bragança, com um aumento 74%, seguido de Santarém (+72%), Guarda (+70%), Setúbal (+67%), Lisboa e Leiria (ambos com +67%) e do Porto e Vila Real (ambos com +66%).
Segundo o barómetro, o crescimento das vendas verificado nesta semana "acontece em todas as tipologias de lojas", com os hipermercados a registarem aumentos de 60%, os grandes supermercados a subirem 75% e os pequenos supermercados a crescerem 57%.
"Depois desta verdadeira corrida às lojas para prepararem a sua despensa, os portugueses passam para uma nova fase: a preparação para a vida em quarentena. Nessa nova etapa, a procura pelo 'online' começa a ser cada vez mais evidente e poder-se-ão notar algumas diferenças nas tipologias de loja escolhidas", antecipa a consultora sénior da Nielsen Marta Teotónio Pereira.
Conforme acrescenta, "será também interessante verificar o impacto que o anúncio do fecho de estabelecimentos comerciais poderá ter no retalho alimentar e nas decisões de compra dos consumidores portugueses".
O barómetro Nielsen covid-19 baseia-se nas vendas em valor, em termos homólogos, de uma amostra de lojas das insígnias Auchan, Continente, Dia/MiniPreço, El Corte Inglés, Intermarché, Mercadona, Pingo Doce em Portugal Continental.
A Nielsen Holdings é uma empresa global de gestão de medição e análise de dados que reúne os seus próprios dados com informação de outras fontes.
Um novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 667 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 31.000.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril. O decreto do governo do estado de emergência entrou em vigor às 00:00 do dia 21 de março.
O país regista 140 mortes associadas à covid-19 e 6.408 infetados, segundo o boletim epidemiológico de hoje da Direção-Geral da Saúde (DGS).