"Eu sou a favor dos 'coronabonds'. Acho que demonstram solidariedade", disse hoje o ex-ministro da Economia espanhol que sucedeu ao português Vítor Constâncio na vice-presidência do BCE, em entrevista à rádio espanhola Cadena COPE, também publicada no 'site' do banco central.
Porém, Luis de Guindos afirmou que a emissão de títulos de dívida conjunta por parte dos países da zona euro "não são o único instrumento" utilizável na defesa da economia europeia face à pandemia de covid-19, "e certamente não são o mais poderoso".
"O mais forte é sem dúvida o Banco Central Europeu, que está a lidar com a situação em que alguns países com posições orçamentais mais fracas requerem fundos, para que não tenhamos o surgimento do problema do 'spread' dos títulos de dívida e um aumento dos custos de financiamento", defendeu.
Luis de Guindos salientou que "atualmente o BCE é claramente a principal influência calmante dos mercados financeiros", graças ao programa recentemente aprovado de 750 mil milhões de euros de compra de ativos, para além do de 120 mil milhões aprovados anteriormente e o de 240 mil milhões já em curso.
"Isto é assegurar que o custo da dívida pública, não apenas para Espanha, mas também para outros países, não sobe dramaticamente que o assunto dos 'spreads' da dívida não aparece outra vez", sustentou.
Questionado sobre a possibilidade de novos resgates financeiros para os países do sul da Europa, mais endividados, Luis de Guindos descartou-a, afirmando que a crise atual "é completamente diferente do que aconteceu em 2008, 2009 e 2010", por ser "um choque que afeta todos".
Na quinta-feira, os chefes de Estado e Governo da União Europeia não chegaram a um consenso sobre a mutualização da dívida entre os países da zona euro, com países como a Alemanha e a Holanda a rejeitarem tal instrumento.
O primeiro-ministro português, António Costa, e oito outros chefes de Estado e de Governo, incluindo o italiano Giuseppe Conte e o espanhol Pedro Sánchez escreveram na quarta-feira ao presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, a defender a implementação de um instrumento europeu comum de emissão de dívida para enfrentar a crise provocada pela covid-19.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 727 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 35 mil.
Dos casos de infeção, pelo menos 142.300 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com mais de 396 mil infetados e perto de 25 mil mortos, é aquele onde se regista atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 11.591 mortos em 101.739 casos confirmados até domingo.
A Espanha é o segundo país com maior número de mortes, registando 7.340, entre 85.195 casos de infeção confirmados até hoje, enquanto os Estados Unidos são o que tem maior número de infetados (143.055).
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 140 mortes, mais 21 do que na véspera (+17,6%), e 6.408 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 446 em relação a domingo (+7,5%).