Furacão Lorenzo passou há seis meses e deixou prejuízos de 330 milhões

O furacão Lorenzo passou pelos Açores há seis meses, provocando 255 ocorrências, que obrigaram ao realojamento de 53 pessoas e somaram um prejuízo de 330 milhões de euros, segundo estimativas do Governo Regional.

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Lusa
01/04/2020 17:45 ‧ 01/04/2020 por Lusa

Economia

Açores

 

Foi na madrugada de 01 para 02 de outubro de 2019 que o furacão passou pelo arquipélago, afetando, maioritariamente, os grupos Central e Ocidental, com rajadas de vento que ascenderam aos 163 quilómetros/hora, de acordo com os registos do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.

No rescaldo da intempérie, a Proteção Civil deu conta de 255 ocorrências e 53 pessoas realojadas, 44 das quais na ilha do Faial.

A estimativa do Governo Regional, ainda em outubro, apontava para 70 casos de imóveis afetados e 29 situações de prejuízos no recheio das casas, perfazendo um total de cerca de 700 mil euros em estragos em habitações, maioritariamente na ilha do Faial.

A forte agitação marítima provocada pelo furacão - que, antes de rumar à Irlanda, passou a cerca de 70 quilómetros a oeste das Flores, com categoria 2 na escala de Saffir-Simpson - causou ainda vários estragos, nomeadamente em infraestruturas portuárias, de apoio à pesca, na rede viária e em equipamentos públicos.

Para trás o Lorenzo deixou 330 milhões de euros em prejuízos, estimava o Governo Regional em outubro: "Parte significativa deste montante - mais de 300 milhões de euros - refere-se a estragos estruturais registados em infraestruturas portuárias e de apoio à atividade portuária", explicou então o presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, destacando a "destruição total" do molhe e cais comercial das Lajes das Flores.

Os danos causados neste porto, principal porta de entrada e saída de mercadoria do grupo Ocidental, geraram constrangimentos no abastecimento às ilhas das Flores e do Corvo. Na altura, o executivo estimou em mais de 190 milhões de euros a sua reparação, incluindo medidas provisórias de proteção para a operação portuária".

Para já, está adjudicada a primeira fase de proteção do molhe-cais, orçada em 18,6 milhões de euros e com um prazo de execução de 18 meses.

O furacão provocou também danos no manto de proteção e na cabeça do molhe do porto de Santa Maria; no manto de proteção do molhe e muro cortina do Porto de Ponta Delgada, em São Miguel; no manto de proteção do Porto de Pipas, na ilha Terceira, e no manto de proteção na área do cais comercial das Velas, em São Jorge, enquanto no Pico os prejuízos foram registados no porto das Lajes e, no Faial, os visados pelo mau tempo neste setor foram equipamentos de apoio à atividade marítima.

Na estimativa apontada pelo Governo Regional somam-se cerca de 9,5 milhões de euros na área das pescas, nas ilhas do Corvo, Flores, Faial Pico e Graciosa, e um milhão de euros no setor agrícola nas Flores, Faial, São Jorge, Graciosa, Pico e Terceira.

Os estragos provocados na orla costeira com "direta relevância para a proteção de pessoas e bens" ascenderam a mais de quatro milhões de euros.

Já no que se refere ao setor empresarial privado das Flores, Corvo e Faial, os montantes dos prejuízos ascenderam a cerca de 350 mil euros, adiantou Vasco Cordeiro em outubro. A Câmara do Comércio e Indústria da Horta está ainda a terminar o levantamento das perdas no grupo Ocidental.

Os estragos causados no Corvo e no Porto das Lajes das Flores atiraram as duas ilhas para uma situação de crise energética, que foi decretada em 03 de outubro e que deveria terminar no último dia do mês, mas só foi levantada em 08 de novembro.

A declaração foi feita para "garantir os abastecimentos energéticos essenciais ao funcionamento de um conjunto de serviços estruturantes da região, dos setores prioritários da economia local, e a satisfação das necessidades fundamentais da população das ilhas das Flores e do Corvo", explicava o executivo regional em comunicado, já que os danos impossibilitavam o abastecimento de combustível por via marítima nas duas ilhas.

O despacho fixava limites ao abastecimento e obrigava os postos de abastecimento a reservar 40% do combustível para entidades prioritárias e veículos equiparados.

Para fazer face à situação, o Governo Regional decretou, em 17 de outubro, a situação de calamidade pública nos Açores, uma medida aprovada pelo Governo da República em 07 de novembro, "para efeito da reposição da normalidade nesta área geográfica", lia-se em comunicado de Conselho de Ministros.

O Governo da República comprometeu-se a pagar 85% dos estragos causados pela intempérie, bem como a agilizar os procedimentos de recuperação das infraestruturas, permitindo ajustes diretos na contratação pública.

Assim, o executivo central assumiu o ónus de cerca de 270 milhões de euros, cabendo ao Governo Regional avançar com cerca de 50 milhões.

O executivo açoriano avançou com uma revisão orçamental -- aprovada no parlamento regional em fevereiro - no valor de 59 milhões de euros, 56 milhões dos quais para colmatar os prejuízos causados pelo Lorenzo e os restantes três milhões relativos ao reforço das obrigações de serviço público da transportadora aérea SATA.

Para financiar o investimento de 59 milhões está previsto um aumento das receitas de igual montante, sendo que, destes, 25,2 milhões de euros são provenientes do Governo da República (foram já transferidos 20 milhões).

Além disso, 7,4 milhões de euros provêm do Fundo de Solidariedade da União Europeia e o restante resulta da transição do saldo orçamental de 2019.

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