"Esperamos de que a economia mundial contraia 2,5% este ano, uma contração ainda mais profunda do que na crise financeira global" de 2008, pode ler-se no relatório da EIU a que a Lusa teve acesso.
Anteriormente à crise económica causada pela pandemia de covid-19, a Economist tinha projetado um crescimento de 2,3% da economia mundial.
A unidade técnica associada à revista britânica espera "uma retoma modesta na produção mundial na segunda metade de 2020, assumindo que a propagação do coronavírus é largamente contida a nível global e não há segundas ou terceiras vagas da pandemia".
"No entanto, o impacto na confiança será duradouro", adverte a EIU, prevendo recessões fortes durante o primeiro semestre um pouco por todo o mundo.
Na Europa, a unidade técnica da revista estimou, no primeiro trimestre do ano, uma recessão de 5% em Itália, de 3% na Alemanha, 2% em França e 1,4% no Reino Unido.
No segundo trimestre, as previsões da EIU pioram, apontando para uma contração económica de 10% em França, em Itália e na Alemanha, e de 9,3% no Reino Unido.
Nos Estados Unidos, a EIU aponta para uma quebra de 1,4% no primeiro trimestre e de 5,9% no segundo.
Na China, a previsão é de uma quebra de 10,9% no primeiro trimestre do ano, mas de uma recuperação de 9,2% no segundo.
A EIU avisa que "no pior cenário, poderão ocorrer crises das dívidas soberanas se os esforços para conter a pandemia drenarem as receitas orçamentais e aumentarem drasticamente as despesas públicas nos países desenvolvidos".
"Isto é sustentado no facto de muito dos países europeus que estão entre os mais afetados pela pandemia, como Itália e Espanha, já terem posições orçamentais fracas antes do surto", denota a EIU, acrescentando que uma potencial dívida "espalhar-se-ia rapidamenre para outros países desenvolvidos e mercados emergentes, levando a economia mundial para outra - possivelmente muito mais profunda - recessão".
Este ano, "o efeito negativo no crescimento virá tanto dos canais da procura como da oferta. Por um lado, as medidas de quarentena, a doença, e o sentimento negativo dos consumidores e das empresas vai suprimir a procura", refere a EIU.
Por outro lado, "o fecho de algumas fábricas e a disrupção às cadeias de oferta vai criar estrangulamento na oferta", pode ler-se no documento.
"O choque económico estará, sobretudo, concentrado na primeira metade deste ano, com variações regionais que seguem a propagação da pandemia pelo globo", considera a EIU.
A unidade da Economist antecipa que "um aumento das incertezas vai levar ao aumento de poupanças precaucionárias nas famílias e ao atraso do investimento nas empresas".
"Alguns consumidores podem também auto-isolar-se depois dos governos levantarem as restrições, por medo de contraírem o coronavírus, o que irá constranger a recuperação no consumo privado", refere a EIU.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 82 mil.
Dos casos de infeção, cerca de 260 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com mais de 750 mil infetados e mais de 58 mil mortos, é aquele onde se regista o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, contabilizando 17.127 óbitos em 135.586 casos confirmados até terça-feira.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes, mais 35 do que na véspera (+10,1%), e 13.141 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 699 em relação a terça-feira (+5,6%).