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Mulheres estão mais expostas ao impacto da Covid-19 no mercado laboral

O impacto que a pandemia de Covid-19 terá no mercado de trabalho não deixará ninguém de fora, mas, como em qualquer outra crise, afetará mais os mais vulneráveis, entre os quais as mulheres.

Mulheres estão mais expostas ao impacto da Covid-19 no mercado laboral
Notícias ao Minuto

09:12 - 01/05/20 por Lusa

Economia Covid-19

A investigadora Sara Falcão Casaca ainda não teve acesso a dados desagregados por sexo (que não estão a ser disponibilizados pelo Ministério do Trabalho e da Segurança Social), mas já consegue antecipar que as mulheres estão mais expostas aos efeitos da pandemia Covid-19 no mercado do trabalho, por duas razões: porque têm vínculos mais precários e porque são a maioria nos setores mais afetados.

"Aquilo que já sabemos é que esta crise é sanitária, mas é, também já, económica e laboral. E é distinta da crise que se iniciou em 2008, que começou por afetar as atividades mais vulneráveis ao setor financeiro. O novo [na atual crise] é que os setores de produtividade onde as mulheres estão mais representadas estão mais expostos a vários níveis", observa a professora no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) da Universidade de Lisboa e coordenadora do projeto Women on Boards.

Entre essas atividades "amplamente feminizadas" estão a saúde e a assistência -- as mulheres são a maioria entre auxiliares de saúde (92%), enfermeiros (82%) e médicos (55%) e também entre quem presta cuidados a idosos e dependentes (80%) --, os serviços de subsistência (como supermercados) e a restauração e a hotelaria -- onde dois terços do trabalho é assegurado por mulheres.

"Muitas das atividades encerradas ou contraídas são feminizadas", frisa Sara Falcão Casaca, dando os exemplos de cabeleireiros, esteticistas e limpezas, serviços prestados por mulheres em 90% dos casos. Também 64% das pessoas que estão ao balcão de lojas e comércio são mulheres.

A somar a isto, "a precariedade é muito elevada" em grande parte dessas atividades e inviabiliza "almofadas financeiras", assinala, acrescentando que muitas mulheres trabalham por conta própria, a recibo verde, e três quartos delas não empregam outros trabalhadores, trabalhando sozinhas.

Ora, a pandemia impôs outras duas circunstâncias que tornam tudo mais complicado ainda: as mulheres deixaram de ter a "retaguarda fundamental dos avós", grupo de risco da Covid-19, e o teletrabalho trouxe o que fazem para dentro de casa, dificultando ainda mais a conciliação.

Outro dado significativo é o impacto que a crise terá nas comunidades imigrantes, nomeadamente nas mulheres que as integram, e nas famílias monoparentais (em 85% compostas por mulheres).

"Sabemos que as mulheres estão muito mais fragilizadas do que os homens e vão sofrer muito mais com as consequências desta pandemia", corrobora Helena André, diretora da OIT/ACTRAV (Centro das Atividades para os Trabalhadores).

"Se houver um aumento forte do desemprego -- e sabemos que vai haver um aumento muito forte do desemprego --, as mulheres vão ser as primeiras a serem penalizadas no regresso ao mercado de trabalho e em praticamente todos os setores de atividade", constata.

"Não é nada de novo, que não tenha acontecido em crises anteriores, mas mostra-nos que a nossa capacidade para estabilizar a situação e a posição das mulheres no mercado de trabalho não tem sido feita com o cuidado que devia ser feito", admite a antiga ministra do Trabalho.

Helena André deixa um aviso: "se o teletrabalho passar a ser algo muito mais expandido do que até agora, terão que se procurar seriamente infraestruturas de apoio às mulheres em teletrabalho, sobretudo as que têm familiares a cargo, quer sejam crianças ou pessoas mais idosas".

SBR // CSJ

Lusa/fim

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