Moedas diz que passou 5 anos a lutar contra "resistência" ao teletrabalho

O ex-comissário europeu responsável pela área da inovação, Carlos Moedas, afirmou hoje que passou cinco anos na Comissão Europeia a lutar contra a resistência dos professores e dos médicos ao teletrabalho, modalidade que a atual pandemia veio desenvolver.

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© Reuters

Lusa
05/05/2020 13:27 ‧ 05/05/2020 por Lusa

Economia

Covid-19

Para Carlos Moedas, a pandemia de covid-19 veio acelerar vários setores da economia, entre os quais a saúde, onde prevê um aumento do investimento nos próximos anos.

óbvio que o investimento em saúde irá aumentar nos próximos anos, mas temos de estar atentos aos riscos destes aumentos de investimentos, porque uma coisa é aumentar o investimento, outra coisa são os resultados desse investimento", preconizou, durante uma intervenção num debate online dedicado à inovação em saúde, no contexto da pandemia de covid-19, organizado por uma sociedade de advogados.

Carlos Moedas defendeu que o aumento do investimento deve ser acompanhado, "não de um precaucionismo", mas de inovação e de tecnologia.

"Temos aqui o que pode ser um fenómeno de aceleração grande e que temos de aproveitar", referiu.

"Essa aceleração é extremamente importante, porque nós passámos anos, eu passei cinco anos na Comissão, a lutar contra a resistência, a resistência dos professores que não acreditavam no online, a resistência dos médicos", afirmou.

"Os médicos não acreditavam na telemedicina e resistiam a essa inovação e depois nós próprios (advogados, políticos, trabalhadores) não acreditámos no teletrabalho", disse Carlos Moedas, exemplificando: "Fazíamos viagens para ir a uma reunião a Paris, durante uma hora".

"Penso que no futuro não vamos de certeza fazer isso, porque vamos dar mais valor àquilo que é humano", sustentou, acrescentando que a atual crise potenciará "uma capacidade de não banalizar" o contacto. "Vamos ter o contacto físico quando ele é necessário, quando é importante".

Segundo o ex-comissário, passarão a ser evitadas viagens que "não teriam sentido nenhum", assim como os médicos também irão recorrer mais à telemedicina para poderem ver mais doentes, quando for necessário.

"Isto é sempre a acumular. Aquilo que vemos hoje é que os médicos vão utilizar a telemedicina, mas não vão deixar de dar as consultas típicas, porque esse contacto humano é essencial. Talvez ele não seja necessário em todas as consultas e é isso que vamos ver no futuro", precisou.

Para Carlos Moedas o que se tem verificado no mundo é apenas "um acelerar de algo que já estava a acontecer".

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 250.000 mortos e infetou mais de 3,5 milhões de pessoas em 195 países e territórios.

Mais de um milhão de doentes foi considerado curado.

Em Portugal, morreram 1.074 pessoas das 25.702 confirmadas como infetadas, e há 1.743 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

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