"O mundo enfrenta uma crise sanitária e económica sem precedentes. O turismo foi duramente atingido e milhões de postos de trabalho estão em risco num dos setores da economia que mais mão-de-obra emprega", afirmou Zurab Pololikashvili, secretário-geral desta organização não governamental das Nações Unidas com sede em Madrid.
As chegadas de turistas já diminuíram 22% no primeiro trimestre do ano e em março registou-se uma queda "abrupta" de 57%, depois do início da contenção em muitos países, segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT).
A nível mundial, o setor perdeu 80 mil milhões de dólares (74 mil milhões de euros) durante os três primeiros meses do ano, considerando a organização que esta "é, de longe, a pior crise que o turismo internacional enfrentou desde que há registos (1950)".
"O impacto será sentido em diferentes graus nas várias regiões do mundo com momentos de sobreposição, esperando-se que a Ásia e o Pacífico comecem a recuperar antes", segundo a OMT.
As previsões baseiam-se em três cenários de saída da crise: reabertura das fronteiras e supressão das restrições de viagem no início de julho (descida de 58% nas chegadas), no início de setembro (-70%) e no início de dezembro (-78%).
Por outro lado, a OMT estima que 100 a 120 milhões de empregos diretos no setor estão ameaçados e apenas espera ter "sinais de recuperação no último trimestre de 2020, mas sobretudo em 2021", com uma retoma da procura interna mais rápida do que a da procura internacional.
"As viagens de lazer, especialmente para visitar amigos e familiares, devem recuperar mais rapidamente do que as viagens de negócios", diz o estudo.
As perspetivas mais positivas são para África e o Médio Oriente, "com a maioria dos peritos a prever uma recuperação em 2020", enquanto as Américas são as mais pessimistas, com uma recuperação considerada difícil em 2020.
Para a Europa e a Ásia, "as perspetivas são mistas, com metade dos peritos a preverem uma recuperação no decurso deste ano".
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 260 mil mortos e infetou cerca de 3,7 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.