"Não é tempo de pensar na fatura". Desemprego poderá ficar abaixo dos 10%

O ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo adiantou esta quinta-feira, em entrevista à RTP, que a taxa de desemprego no final do ano poderá ficar "ligeiramente abaixo" dos 10% que a Comissão Europeia prevê. Há mais 75 mil inscritos nos Centros de Emprego face aos dados de abril do ano passado, disse ainda Centeno, acreditando que a "dinâmica da economia portuguesa" e a trajetória de crescimento que levava protejam agora o país de embates mais violentos.

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Melissa Lopes
07/05/2020 23:08 ‧ 07/05/2020 por Melissa Lopes

Economia

Entrevista

O ministro das Finanças afirmou esta quinta-feira que neste momento "não é o tempo de pensar na factura" que os portugueses vão ter que pagar na sequência da crise pandémica e defendeu que "temos que combater a crise na sua primeira dimensão, a sanitária, que atingiu o mundo na sua quase totalidade de forma muito violenta". 

"E devemos estar orgulhosos da forma como o fizemos", destacou, salientando "o sucesso" da ação do Governo no combate à Covid-19. "Uma ação absolutamente coletiva, que requereu um grande esforço do nosso Serviço Nacional de Saúde, mas muito bem entendido, não só pelos profissionais de saúde, mas por todos os portugueses, também pela forma como se comportaram", acrescentou. 

Mário Centeno frisou que "os resultados da curva epidimiológica estão a melhorar", lembrando que "temos que ser persistentes". "Mas temos, também, de começar a abrir a nossa economia, a nossa sociedade àquilo que nos permita regressar ao período anterior a esta crise", afirmou o governante, sustentando que "estamos perante uma crise temporária", que "não tem origem naquilo que as crises económicas costumam ter (taxas de juro elevadas, níveis de desequilíbrios macroeconómicos muito significativos)". 

Estando perante uma situação temporária, frisou Centeno, "vamos ter que adaptar o período de recuperação económica, que começa já, medidas que sejam compatíveis com essa recuperação". "E não são necessariamente medidas que apelem à dimensão da fatura, mas sim à retoma da atividade", reforçou. 

Essa retoma da atividade económica é essencial, defendeu o ministro de Estado, para que uma crise social "não aconteça" ou "não aconteça nas dimensões que a própria dimensão do choque económico que estivemos a viver nos momentos mais difíceis, que foram caracterizados do ponto vista social e económico pelo Estado de Emergência".

Mais 75 mil inscritos nos Centros de Emprego face a abril de 2019

No decorrer da entrevista à estação pública, Mário Centeno assumiu que "já há indicadores" que refletem as dificuldades que as pessoas começaram a sentir devido à crise pandémica, apesar da "almofada de proteção ao emprego". 

"É evidente que o número de trabalhadores que acedeu ao layoff é muito grande, é uma enorme almofada de proteção do emprego que conseguimos montar em tempo absolutamente recorde e com sucesso indesmentível face à celeridade da crise que é medida pelo número de pedidos que entraram nos serviços da Segurança Social".

Todavia, ressalvou, "há números que vão já fugindo a estas almofadas, como por exemplo, os do desemprego". "Temos números já do desemprego que mostram um aumento significativo", disse Mário Centeno, revelando que "o número de registados nos Centros de Emprego é de 75 mil a mais face a abril do ano passado". 

A este propósito, o ministro enfatizou como a taxa de desemprego seguia uma trajetória de queda antes da crise da Covid-19, lembrando que a taxa estimada pelo INE para fevereiro foi de 6,4%, o que retomava uma trajetória de queda, que até tinha tido algum aligeiramento no final do ano de 2019, mas que se reforçou no início deste ano".

Taxa de desemprego "poderá ficar ligeiramente abaixo" dos 10%

"A economia portuguesa estava de facto numa trajetória bastante virtuosa de crescimento e de redução do desemprego", destacou o ministro, admitindo que  a taxa de desemprego, até ao final de 2020, "possa  vir a crescer 3, 4 pontos percentuais face àquilo que era a trajetória". No final do ano, precisou, "poderá ser ligeiramente abaixo" dos 10%, número estimado pela Comissão Europeia, mas distante dos 14% projetados pelo FMI

Mário Centeno defendeu ainda que o facto de a economia portuguesa estar a crescer acima da média na União Europeia no início do ano, numa fase de aceleração quando noutras economias já se notava algum abrandamento, protege Portugal neste momento. "A dinâmica da economia portuguesa beneficia o impacto da crise neste momento. Protege. Assim como as próprias almofadas financeiras que a economia portuguesa criou", sublinhou. 

Questionado sobre se estamos melhor preparados para a crise, Centeno respondeu: "Preparámo-nos, nos últimos quatro anos, na redução do endividamento, na criação de almofadas financeiras ao nível de Orçamentos do Estado".

Níveis de atividade económica de 2019 recuperados ao longo de 2022, estima Governo

Mário Centeno acredita que a crise económica, por estar diretamente ligada à pandemia, seguirá as oscilações da curva epidemiológica, referindo que as medidas que travaram a economia no mês de abril poderão ter um impacto de 6,5% no PIB de 2020. "As quebras de atividade em abril podem ter retirado ao PIB anual cerca de 6.5%, em 30 dias úteis. Um valor muito significativo. Podemos estar a observar uma queda, em termos nominais, superior aos 15 mil milhões de euros em termos anuais", afirmou. 

O ministro "não tem dúvidas de que abril foi o mês mais dramático do ponto vista económico desta crise sanitária". Para a retoma, as expectativas do ministro são de que, com o arranque de alguma atividade em maio - "e se conseguirmos seguir o plano que o Governo definiu" - o terceiro trimestre vá ser de "enorme recuperação". "Depois, o quarto trimestre abrandará um pouco essa recuperação", estima, prevendo que só "ao longo do ano de 2022 estejamos a recuperar os níveis de atividade de 2019". Centeno considera ainda "uma infelicidade termos perdido em dois meses tudo aquilo que construímos em quatro anos". 

 

 

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