Carlos Costa, atual Governador do Banco de Portugal, deu uma entrevista ao semanário Expresso na qual considerou que o ministro das Finanças, Mário Centeno, "tem todas as condições" para ocupar a sua posição.
"Acho que tem todas as condições para ser um grande governador do Banco de Portugal. E ainda por cima vai receber uma máquina que está rejuvenescida, com muito maiores competências, com uma estruturação muito forte", declarou Carlos Costa.
Já quanto a alegadas incompatibilidades, o atual governador foi peremptório: "Cabe aos agentes políticos saber o que é que consideram incompatível ou não. Porque há incompatibilidades factuais que é saltar de uma situação em que eu estou dependente e passo à situação de orientar. Não é o caso".
Transferência para o Novo banco
Carlos Costa validou também a transferência do Estado para o Novo Banco, destacando que "um banco que resulta de um processo de resolução e consegue conservar a confiança das empresas e a confiança dos particulares é um banco que merece uma referência positiva".
"Estou convencido que o presidente do Fundo de Resolução, que é jurista, conhece muito bem o contrato e conhece bem as obrigações que resultam do contrato. Se houvesse alguma forma de minimizar os custos para o Fundo de Resolução ele, certamente, teria estado muito atento. Aliás, como ele fez quando deduziu dois milhões, mostra que esteve atento e deduziu aquilo que não era devido", concluiu.
Recorde-se que ontem António Costa foi questionado, na conferência de imprensa do Conselho de Ministros, se a crise dos últimos dias relacionada com a transferência de 850 milhões de euros para o Novo Banco estava mesmo ultrapassada e até quando poderia garantir a permanência de Mário Centeno no Governo.
A uma nova pergunta sobre se o ministro das Finanças estaria a prazo no Governo, Costa afirmou apenas que "a estabilidade está restabelecida", e mais à frente, voltaria a desvalorizar o tema.
"Não há crise, nem mini-crise, nem nano-crise, tudo segue normalmente. [Crise] Política, infelizmente temos uma crise de saúde pública muito grave e uma crise social e económica muito grave, e é nessas que temos de nos concentrar e dar respostas", ressalvou.
Já na quarta-feira à noite, e depois de uma reunião entre António Costa e Mário Centeno em São Bento, o primeiro-ministro reafirmou publicamente a sua confiança pessoal e política no ministro de Estado e das Finanças.
De acordo com o comunicado divulgado pelo gabinete de António Costa, na reunião ficaram "esclarecidas as questões relativas à falha de informação atempada ao primeiro-ministro sobre a concretização do empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução, que já estava previsto no Orçamento do Estado para 2020, que o Governo propôs e a Assembleia da República aprovou".