Covid-19: Empresários portugueses na Suíça temem futuro dos seus negócios

A crise económica causada pela pandemia da Covid-19 está a afetar a vida de muitos empresários portugueses emigrantes na Suíça, que têm de lidar com as medidas de restrição impostas pelo Conselho Federal no âmbito da prevenção da infeção pela covid-19.

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© Reuters

Lusa
20/05/2020 09:28 ‧ 20/05/2020 por Lusa

Economia

Pandemia

 

"Desde que o meu restaurante reabriu, esta segunda-feira, faturei 25% do que que era habitual faturar em tempos normais", afirmou à Lusa António Albuquerque, que explora há dois anos o restaurante Alma Lusa, um estabelecimento situado na zona industrial de Corcelles-près-Payerne, no cantão de Vaud, frequentado na sua grande maioria por portugueses.

O estabelecimento recebe principalmente clientes locais que vivem ou trabalham na região. Hoje, "nem para os ordenados dá quanto mais para a renda e todos os gastos associados à nossa atividade", desabafou o empresário, oriundo de Viseu.

Face à situação pandémica provocada pelo coronavírus foram vários os empresários que se viram obrigados a encerrar temporariamente os seus estabelecimentos aquando da decisão tomada a 16 de março pelo Conselho Federal que obrigava ao encerramento de todos os negócios que não fossem de primeira necessidade.

José da Silva é de Famalicão e é hoje proprietário da antiga "Casa do Porto de Lausanne" que criou em 1994, e que hoje tem o nome de "Restaurante Porto Novo". Os problemas são semelhantes ao de António Albuquerque, mas recusa-se a desistir do seu "projeto de vida".

"Vou lutar até onde puder", afirma o empresário, sublinhando que já passou por uma crise pior em 1994 quando abriu o seu negócio.

Quando questionado sobre o que mais lhe causa preocupação, o empresário não hesitou na resposta: "são os meus funcionários". Hoje, não sabe se irá conseguir garantir trabalho aos sete funcionários.

A crise fez também mudar o tipo de trabalho. "Fez hoje quinze dias, apanhei o avião rumo a Portugal e fui comprar uma churrasqueira para assar frangos e começar a vender comida para fora", diz José, salientando que vai fazer o que puder para "salvar o negócio".

Durante "o confinamento não me deixei estar na cama a dormir", disse José da Silva, soltando uma gargalhada. "aproveitei para fazer umas obras no meu estabelecimento e fiz uma esplanada com um jardim para melhor servir os meus clientes".

O otimismo de José da Silva não é partilhado por António Albuquerque. "Estou inserido numa localidade que não é propícia ao turismo, o que ainda torna mais difícil a situação. Vivo com clientes locais e a procura diminuiu significativamente", disse o empresário, sublinhando que "as pessoas têm medo de vir almoçar e jantar fora apesar de se cumprirem todas as medidas de higiene e distâncias impostas" pela lei.

"Caso esta situação se prolongue no tempo e esta alternativa do take away não resulte, seremos obrigados a fechar as portas", acrescentou o empresário de Viseu.

"Creio que daqui por duas ou três semanas, se não se ouvir falar de aumentos de casos e mortes, é possível que o negócio possa voltar à normalidade. Caso contrário, vai ser muito complicado porque as pessoas estão com muito receio de sair de casa», referiu o empresário.

Na Suíça, à semelhança do que está a acontecer em Portugal, o desconfinamento é feito por fases. Na segunda fase, que teve início na semana passada, o Conselho Federal autorizou a reabertura dos comércios, escolas e museus com a obrigação destes cumprirem com uma série de medidas de higiene e segurança.

No setor da restauração, o "rastreamento de clientes", o "distanciamento de mesas", a "higienização do espaço" ou ainda a "desinfeção dos funcionários e clientes", são algumas das novas medidas impostas pelo Conselho Federal aos proprietários de restaurantes para travar a propagação da Covid-19.

Na Suíça, estão contabilizados 30 mil casos de infetados pelo novo coronavírus, que já causou perto de 1900 mortos.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 320 mil mortos e infetou quase 4,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de 1,7 milhões de doentes foram considerados curados.

 

 

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