"O Governo está a dar com uma mão e a tirar com a outra, o que é uma grande injustiça para estes trabalhadores, que descontaram 29 euros de IRS por cada 10 que receberam de retroativo. Isto tem de ser corrigido", disse à agência Lusa José Abraão, secretário-geral da FESAP.
Segundo o sindicalista, a situação afetou sobretudo os assistentes técnicos do setor da saúde que só este mês receberam os retroativos do aumento de 10 euros, num total de 40 euros.
"Estes trabalhadores estavam à espera de receber o salário atualizado em 10 euros e mais 40 euros de retroativo, mas em vez disso recebem menos, o que não é aceitável, portanto o Governo tem que mexer no IRS", disse o sindicalista.
José Abraão lembrou que as tabelas de IRS isentam deste imposto quem ganhe até 683 euros, o que acontecia até agora com os assistentes técnicos.
Como os assistentes técnicos da função pública passaram a ter um salário base de 693 euros, devido ao aumento, perderam a isenção fiscal e descontam agora 4,2% para IRS.
De acordo com um recibo salarial de um destes trabalhadores, facultado à Lusa, a cada retroativo de 10 euros recebido agora em maio foi aplicado um desconto de 29 euros e, no final estes trabalhadores receberam um salário líquido de 595,56 euros.
Como foram pagos retroativos desde janeiro, foram descontados, para IRS, quatro parcelas de 29 euros.
José Abraão explicou que lhes foi aplicado retroativamente 4,2% de IRS aos quatro últimos salários, acrescidos de 10 euros.
Segundo o sindicalista, nem todos os serviços da Administração Pública procederam da mesma forma, "o que aumenta ainda mais as injustiças".
"Só o Governo pode corrigir esta injustiça, mexendo nos escalões do IRS", disse José Abraão.