Crise na UE? Centeno espera "recuperação relativamente rápida"

O presidente do Eurogrupo mostrou-se otimista na recuperação económica da União Europeia e deixou em aberto a sua continuação no Eurogrupo, numa entrevista a uma publicação alemã.

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Silvia Abreu
24/05/2020 14:15 ‧ 24/05/2020 por Silvia Abreu

Economia

União Europeia

Numa entrevista ao jornal alemão Welt am Sonntag, o presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, mostrou-se confiante numa "recuperação relativamente rápida" da crise económica que a União Europeia atravessa devido à pandemia de Covid-19.

Questionado sobre a nova crise na zona euro e o elevado endividamento para o qual os economistas alertam, Mário Centeno não hesitou em referir que "quem diz isso, quer chamar a atenção" e que "este aumento da dívida é temporário". 

"Não estamos a experienciar anos de acumulação de novas dívidas. Isto faz parte de uma rápida e indispensável resposta em tempos de crise", começou por explicar. 

"Se conseguirmos proteger os trabalhadores e as empresas agora, os níveis de dívida voltarão a cair assim que as restrições de confinamento forem levantadas e o crescimento voltará. Os níveis de dívida, provavelmente, voltarão a cair já no próximo ano", assinalou, referindo que "não estamos em 2008" e que "a Europa entrou nesta crise com instituições mais fortes a nível da UE, bancos mais fortes, finanças públicas mais fortes e uma posição comercial equilibrada".

Para o presidente do Eurogrupo, as previsões dos economistas não englobam o fundo de recuperação de 500 mil milhões de euros e os milhões de euros do orçamento da União Europeia que serão antecipados.

"Este enorme estímulo acelerará fortemente a recuperação económica. Na atual previsão da UE, a Alemanha atingirá os níveis de PIB de 2019, no final de 2021. Nem todos os países da UE são capazes de combater a crise com tanto sucesso quanto a Alemanha, porque não possuem o mesmo poder. Mas até ao final de 2022, a maioria - senão todos - dos países da UE retornará aos níveis do PIB em 2019", garantiu.

O ministro das Finanças português reitera que tal "não é motivo para celebrar", mas que é possível perceber que esta crise "não é o fim do mundo". "Podemos ter certeza de uma recuperação relativamente rápida", assegurou.

Recandidatura ao Eurogrupo?

Questionado sobre a sua continuação como presidente do Eurogrupo, Centeno não se alargou sobre a sua decisão, sendo é expectável que o seu futuro não passe pelo cargo, tendo até em conta que deixará o Governo ainda este ano.

"O meu mandato termina no dia 13 de julho e vou informar os meus colegas, durante as próximas semanas, se vou concorrer a um segundo mandato", referiu, recordando os últimos dois anos e meio como "emocionantes".

"Foi um período entre duas crises, mas usámos esse tempo de forma produtiva, concluindo muitas reformas que fortaleceram a zona euro", acrescentou. 

"Estou certo de que no verão poderemos receber turistas"

Quanto ao regresso dos turistas alemães a solo português, Centeno deixou claro que não o vê "como um problema" e mostrou-se confiante de que o país poderá receber turistas no verão.

"Portugal foi relativamente bem sucedido no combate à pandemia. Estamos agora a trabalhar com a Alemanha e outros países para garantir que o turismo e as viagens aéreas estão prontas e seguras para o período de verão. Portanto, estou certo de que no verão poderemos receber turistas", rematou.

Quanto às suas próprias férias, Centeno confessou que serão passadas em Portugal e a trabalhar.

 

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