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Covid-19: ONU prevê que investimento estrangeiro caia 40% em 2020

O investimento direto estrangeiro deverá diminuir 40% em 2020, devido à crise resultante da pandemia, e só deverá aumentar em 2022, prevê um relatório hoje publicado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).

Covid-19: ONU prevê que investimento estrangeiro caia 40% em 2020
Notícias ao Minuto

07:13 - 16/06/20 por Lusa

Economia Pandemia

A confirmar-se a previsão do organismo da ONU, isso significaria um investimento estrangeiro de cerca de 600 mil milhões de dólares (533 mil milhões de euros), o pior valor em 17 anos, de acordo com as estatísticas da UNCTAD.

Os países desenvolvidos serão duramente atingidos, prevendo-se que o investimento caia 30-45% na Europa e até 35% na América do Norte, após o indicador ter aumentado 5% nestas economias em 2019, para 800 mil milhões de dólares (710 mil milhões de euros).

Valores parciais para este ano já mostravam o mau momento que os países industrializados enfrentam para atrair capital estrangeiro, tendo visto as fusões e aquisições transfronteiriças cair 53% em abril, em comparação com o mesmo mês do ano passado, enquanto os investimentos em novas instalações caíram 25% no primeiro trimestre.

"As perspectivas são incertas e dependem muito da duração da crise sanitária e da eficácia das políticas destinadas a atenuar o impacto económico da pandemia" da covid-19, afirmou o secretário-geral da UNCTAD, Mukhisa Kituyi.

A pandemia, que o organismo analisa no relatório, atrasou os planos de investimento de muitas empresas multinacionais, devido às medidas de contenção instauradas para combater a propagação do novo coronavírus (SARS-CoV-2), que paralisaram a oferta e a procura em múltiplos setores.

As cinco mil maiores multinacionais do mundo, que representam grande parte do investimento estrangeiro global, reviram em baixa as previsões de lucros para 2020, em cerca de 40%, em média, o que prejudicará o investimento, já que, em mais de metade dos casos, se trata de lucros reinvestidos.

A América Latina deverá ser uma das regiões mais afetadas pela queda do investimento, que poderá chegar a 50% na região, enquanto os países em desenvolvimento na Ásia assistirão a uma redução de 45% nos fluxos de capital estrangeiro, em comparação com 2019.

"As economias em desenvolvimento sofrerão a maior queda no investimento direto, uma vez que são mais dependentes das indústrias extrativas e intensivas na cadeia de valor global, que têm sido gravemente afectadas", afirmou o director de Investimento e Empresas da UNCTAD, James Zhan.

Nestas áreas, as indústrias mais afetadas poderão ser o turismo, os transportes e os setores relacionados com matérias-primas, os mais prejudicados também pela crise sanitária mundial.

O relatório da UNCTAD também analisa o futuro da cadeia de abastecimento internacional e prevê que a pandemia acelere o processo de abrandamento dos fluxos de investimento, o que será acompanhado por um crescimento lento do comércio.

Estes processos já tinham começado na sequência da crise financeira global em 2008, alimentados pelo crescente nacionalismo económico, pela nova revolução industrial (com um aumento da robotização) e pela consciência do impacto da produção no ambiente e no aquecimento global, lembrou a UNCTAD.

Aquele organismo prevê uma maior intervenção governamental na produção, o aumento do protecionismo, uma mudança para quadros operacionais regionais e bilaterais, em vez de multinacionais, ou um aumento do desinvestimento e das deslocalizações, o que desencadeará uma concorrência mais forte para atrair investimento estrangeiro.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 435 mil mortos e infetou mais de oito milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

As medidas para combater a pandemia paralisaram setores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.

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