"Os principais resultados apontam para que o volume de negócios das empresas em abril -- período do estado de emergência -- se tenha situado cerca de 35% abaixo do nível expectável sem pandemia", pode ler-se numa das caixas do Boletim Económico do BdP, hoje conhecido.
Já em maio, com o fim do estado de emergência e menos medidas de contenção, "os resultados sugerem uma melhoria muito ligeira, com a atividade das empresas a apresentar uma redução de 30% face a uma situação normal".
Em abril, de acordo com o estudo do BdP, mais de metade da redução de atividade "esteve associada aos setores do comércio, transportes, alojamento e restauração e outros serviços", e que os mais diretamente afetados "foram o alojamento e restauração e os transportes e armazenagem (em particular, os transportes aéreos), com reduções de 70% e 60%, respetivamente".
"No setor do comércio, onde o volume de negócios se terá situado 33% abaixo do normal durante o mês de abril, destaca-se o maior impacto no comércio a retalho de bens não essenciais e no comércio e reparação de veículos automóveis", segundo o BdP.
Já nos outros serviços, "a quebra no volume de negócios terá rondado os 40%, tendo porém ultrapassado os 70% nas atividades artísticas, de espetáculos e recreativas e os 50% nas atividades de saúde humana".
O setor mais alinhado com a média de abril foi o da indústria e energia, e "terá sido mais expressiva na indústria transformadora, onde a atividade se terá situado em cerca de 60% do nível normal, refletindo sobretudo as quebras na fabricação de material de transporte, na produção de bens energéticos e na indústria do têxtil e calçado".
Por outro lado, na construção e atividades imobiliárias, a atividade permaneceu a 75% dos níveis normais, no setor da informação e comunicação o volume de negócios situou-se perto dos 85% do nível normal, e nas telecomunicações houve uma redução de 8% da atividade, segundo o estudo do BdP.
Para o total dos setores cobertos pelo inquérito conjunto do BdP e do INE, em termos de pessoas efetivamente a trabalhar, estimou-se "uma diminuição de 29% face ao nível normal", e "são em larga medida consistentes com as quebras na atividade, embora de menor magnitude".
Em termos de recurso ao 'lay-off', "foi particularmente expressivo no alojamento e restauração, onde o pessoal efetivamente a trabalhar se terá reduzido para menos de metade", ao contrário do que sucedeu na informação e comunicação e na construção e atividades imobiliárias, onde "as reduções do pessoal foram menores e as empresas terão recorrido em menor escala a este apoio".
"As faltas no âmbito do estado de emergência, por doença ou para apoio à família foram um motivo adicional para a redução do pessoal efetivamente a trabalhar durante o mês de abril", nota ainda o BdP, assinalando também que "o recurso ao teletrabalho permitiu limitar as reduções do pessoal ao serviço efetivamente a trabalhar".
Em maio, com o levantamento progressivo das medidas de confinamento, "a melhoria parece ligeiramente mais notória nos setores da indústria e energia (em particular, nos setores ligados à produção de bens energéticos e material de transporte) e do comércio".
"Em contraste, a recuperação ainda não é visível e poderá ser mais lenta em alguns setores -- nomeadamente naqueles que registaram quedas mais acentuadas durante o período do estado de emergência e onde permanecem ainda restrições ativas -- destacando-se os serviços de transportes aéreos, de alojamento e restauração e os relacionados com atividades artísticas e recreativas", segundo o BdP.
Em termos de pessoal ao serviço efetivamente a trabalhar, "a melhoria mais significativa terá ocorrido no setor do comércio e no setor do alojamento e restauração (não obstante a melhoria, neste setor o pessoal efetivamente a trabalhar em maio terá ficado ainda em níveis próximos de 60% do normal)".
O BdP ressalva que os resultados do inquérito "não permite a extrapolação para o total da economia uma vez que a análise não cobre todos os setores", como o público, o financeiro, a agricultura e pescas, e que "as estimativas apresentadas estão sujeitas a alguma imprecisão, uma vez que se baseiam no ponto médio do intervalo reportado pelas empresas".