A pandemia do novo coronavírus já teve impacto nas contas nacionais nos primeiros três meses do ano. Os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), esta quarta-feira, revelam que o saldo orçamental das Administrações Públicas (AP) registou um défice de 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre.
Entretanto, o Governo disse estar comprometido com o "rigor e disciplina" das contas públicas e admite que os dados divulgados pelo INE revelam já o "forte impacto" da pandemia nas contas do Estado.
"Tomando como referência valores trimestrais e não o ano terminado no trimestre, o saldo das AP foi negativo no 1º trimestre de 2020, atingindo -570,9 milhões de euros (-1,1% do PIB, o que compara com 0,1% no trimestre homólogo), observando-se um aumento da despesa total em termos homólogos (4,3%), superior ao aumento da receita total (1,1%)", pode ler-se no relatório do INE.
Do lado da despesa, adianta a agência de estatísticas, verificou-se um aumento de 3,1% da despesa corrente, resultante de acréscimos nas prestações sociais (3,0%) e nas despesas com pessoal (5,1%), "refletindo medidas de política de valorização salarial, no consumo intermédio (9,3%), traduzindo o aumento da despesa em matérias de consumo específico dos serviços de saúde no contexto do combate à pandemia Covid-19 e nos subsídios pagos (18,0%)", pode ler-se.
Segundo o relatório do INE, no ano terminado em março de 2020, o saldo "registou uma diminuição de 0,3 p.p." (pontos percentuais), "passando de um saldo positivo no trimestre anterior para negativo (-0,1% do PIB)".
O Governo prevê um défice de 6,3% do PIB este ano, adiantou o próximo ministro das Finanças, João Leão, durante a apresentação do Orçamento Suplementar. Este acréscimo ficará a dever-se ao aumento da despesa e diminuição da receita devido à pandemia.
Em março, o INE divulgou que em 2019 as Administrações Públicas registaram um excedente de 0,2% do PIB em 2019, em contabilidade nacional, correspondente a 403,9 milhões de euros, o primeiro saldo orçamental positivo desde 1973.
[Notícia atualizada às 13h00]