Alterações legislativas podem levar centros comerciais "à falência"

A Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC) alertou hoje para a possibilidade de encerramento de alguns espaços perante a criação de um regime excecional que permite aos lojistas pagarem, até março de 2021, apenas a componente variável das rendas.

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Lusa com Notícias ao Minuto
29/06/2020 16:18 ‧ 29/06/2020 por Lusa com Notícias ao Minuto

Economia

Covid-19

"A criação de um regime excepcional para que, até março de 2021, os lojistas dos Centros Comerciais paguem apenas a componente variável das rendas, tal como consta da Proposta de Aditamento ao Orçamento Suplementar para 2020 feita pelo PCP, coloca em causa a viabilidade dos Centros Comerciais e pode conduzir alguns deles à falência", alerta a Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC).

De acordo com as estimativas da associação - que representa mais de 90% da área bruta locável total existente em Portugal e cujos Centros integram 8.600 lojas -, estima-se que "mais de 20% dos Centros Comerciais tenham dificuldade em manter-se em operação até ao final de 2020 num cenário como o proposto pelo PCP", e que tal "poderá levar ao encerramento de mais de 2.000 lojas, e a uma perda aproximada de 25 mil postos de trabalho directos e 50 mil indirectos".

“Vivemos num contexto de grandes desafios, e os Centros Comerciais não estão imunes. Podem entrar em falência, destruindo milhares de empregos. (...) É necessário conhecimento, ponderação e equilíbrio nas medidas a tomar para que todos os envolvidos na cadeia de valor desta indústria possam recuperar a sua actividade de forma sustentável. O sucesso dos Centros é o sucesso dos seus lojistas e vice-versa”, afirma António Sampaio de Mattos, presidente da APCC, que lembra, alás, que, neste fim de semana, no Reino Unido, "um dos maiores operadores de centros comerciais do país, a INTU, cuja atividade ascende a cinco mil milhões de euros, entrou em processo de insolvência".

Para os proprietários dos 93 centros comerciais que a APCC representa esta medida "demonstra desconhecimento do modelo de negócio dos centros comerciais, que correspondem a elevados investimentos com retornos relativamente baixos, tendo, por isso, como proprietários sobretudo investidores de muito longo prazo".

Assim, António Sampaio de Mattos afirmou ser necessário "conhecimento, ponderação e equilíbrio nas medidas a tomar".

Este responsável considerou ainda ser importante estabelecer uma medida transversal, que beneficie todos os lojistas.

O presidente da APCC acrescentou que a proposta não considera os apoios de 305 milhões de euros já acordados entre proprietários e lojistas para este ano, que abrangem mais de 87% dos lojistas.

Esta proposta não tem também em conta "o histórico de abordagem equilibrada e de negociação" do setor, concluiu.

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