O diretor da AstraZeneca, Jorge Mazzei, disse aos jornalistas na segunda-feira que, caso a vacina funcione, acredita que o país sul-americano irá ter acesso às doses até ao final do ano.
Contudo, indicou que acabou de fazer agora os primeiros contactos com os parceiros locais da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o maior centro de investigação médica da América Latina, vinculado ao Ministério da Saúde brasileiro, e que começará hoje a trabalhar num contrato.
"É quase impossível que este contrato não seja assinado. (...) Demorou entre duas a três semanas para que a carta de intenções fosse assinada. O nosso objetivo é que este contrato seja assinado o mais rápido possível", disse Mazzei, acerca do acordo que engloba também a Universidade de Oxford.
No sábado, o Ministério da Saúde do Brasil indicou que o país pagará 127 milhões de dólares (113 milhões de euros) por material para produzir inicialmente 30,4 milhões de doses em dois lotes, para dezembro e janeiro.
As autoridades brasileira acrescentaram que os esforços de inoculação começariam rapidamente se a vacina fosse certificada como segura e eficaz.
Desde a semana passada, a vacina está a ser testada em mais de 5.000 brasileiros.
O Governo brasileiro disse que o acordo total é de 100 milhões de doses para um país com uma população estimada de 210 milhões de habitantes.
"Acredito que exista uma estratégia [do Governo brasileiro] sobre como vacinar todas as pessoas", acrescentou o diretor da AstraZeneca.
Mazzei disse ainda que existem elementos-chave a serem negociados, incluindo a extensão da transferência de tecnologia e a compra do segundo lote de 70 milhões de doses. De acordo com o diretor, outros países já têm acordos nesta fase, mas diz que o Brasil está "certamente na mesma onda dos primeiros países a receber a oportunidade".
Segundo o secretário nacional de Vigilância em Saúde do Governo brasileiro, Arnaldo Correia de Medeiros, caso se comprove a eficácia da imunização, estima-se que no início do próximo ano já possa ser realizada uma campanha de vacinação, a começar pelos públicos prioritários, ou seja, pela população mais vulnerável à covid-19.
"Com a vacina aprovada teremos a cobertura realizada como parte da 'expertise' do Brasil em campanhas nacionais de vacinação, nesse caso priorizando públicos mais vulneráveis como idosos, pessoas com comorbidades, profissionais de saúde, professores, profissionais de segurança, indígenas, motoristas de transporte público e pessoas privadas de liberdade", destacou Medeiros, no sábado.
O Brasil, segundo país do mundo com mais mortos e infetados, totaliza 58.314 óbitos e 1.368.195 casos confirmados de covid-19 desde o registo oficial da pandemia no país, em 26 de fevereiro, informou o executivo na segunda-feira.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 502 mil mortos e infetou mais de 10,20 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).