À semelhança do que aconteceu no setor tecnológico, as empresas de telecomunicações foram das primeiras a avançar com o teletrabalho na sequência da pandemia de covid-19, que colocou Portugal em estado de emergência em meados de março.
Agora, no processo do regresso total dos seus trabalhadores ao escritório, são mais cautelosas, até porque não se sabe se haverá uma nova vaga da pandemia.
Para já, os colaboradores da Vodafone Portugal só regressarão às instalações em setembro, altura para a qual a Altice Portugal adiou a quarta fase do seu plano de regresso ao escritório. A NOS avançou em meados de junho com um modelo híbrido de trabalho, enquanto a Nowo/Oni tem os seus colaboradores em teletrabalho e não tem pressa no seu regresso ao escritório.
Contactada pela Lusa, fonte oficial da Vodafone Portugal recordou que, "ainda antes de ter sido decretado o estado de emergência no país", a operadora tinha implementado, "por tempo indeterminado, o regime de Trabalho em Mobilidade Excecional, abrangendo 96% dos colaboradores, que desde o dia 13 de março passaram a trabalhar a partir das suas casas", política que "estará em vigor até dia 01 de setembro".
A mesma fonte acrescentou que, "seguindo as recomendações da Direção-Geral da Saúde, a Vodafone Portugal continua a ter como prioridade máxima garantir a segurança das suas pessoas e evitar a disseminação do vírus".
O plano de regresso às instalações "resulta de um trabalho minucioso e complexo, o qual envolveu várias áreas da empresa e a auscultação de todos os colaboradores, de forma a garantir que todas as questões de segurança são acauteladas", sendo que os colaboradores continuarão a exercer as funções em regime de teletrabalho até setembro, com exceção de algumas situações, como por exemplo "as funções críticas operacionais que só podem ser desempenhas 'in-loco' [no local]", aponta.
"Nestes casos, a Vodafone Portugal instituiu a utilização obrigatória e permanente de máscara", referiu a mesma fonte.
No caso da Altice Portugal, o regresso foi planeado em quatro fases: a primeira, em 18 de maio, com 7% dos colaboradores; a segunda, em 01 de junho, com 25%; e a terceira, em 15 de junho, com "até 50%, mas em regime de rotatividade, traduzindo, na realidade, numa taxa de ocupação média dos edifícios não superior a 30%", disse à Lusa fonte oficial.
"Era expectável que a partir do dia 01 de julho regressassem, potencialmente, todos os colaboradores, mantendo-se o regime de rotatividade e cumprindo o distanciamento de dois metros entre cada posição", prosseguiu a mesma fonte.
No entanto, "dada a evolução recente da pandemia, optámos por manter a taxa média de 30% de ocupação por edifício e adiar para setembro a quarta fase de regressos", acrescentou.
A dona da Meo referiu ainda que "continua a ser privilegiada a manutenção no regime de teletrabalho nas seguintes situações: colaboradores com filhos até 12 anos; colaboradores que se enquadrem em grupos de risco -- grávidas, doenças cardíacas, oncológicas, respiratórias, entre outros -, e cuja residência se insere numa das 19 freguesias da área metropolitana de Lisboa para as quais foi determinado dever de recolhimento".
Por sua vez, fonte oficial da NOS recorda que a operadora colocou, "no espaço de uma semana e ainda antes de ser declarado o estado de emergência, praticamente a totalidade dos seus colaboradores em trabalho remoto, ficando no escritório apenas as funções consideradas críticas para dar resposta à continuidade de negócio com os desafios acrescidos colocados pelo contexto".
O modelo de regresso implementado na NOS é "híbrido", compatibilizando "o trabalho remoto com o exercício das funções nas estruturas físicas, ou seja, os colaboradores vão regressando, gradualmente, em regime rotativo semanal (uma semana em regime remoto e uma semana nos escritórios)", adiantou.
"Este regresso gradual será implementado ao longo de seis semanas, tendo tido início a 15 de junho, e pressupõe que a taxa máxima de ocupação dos edifícios será sempre inferior a 50%, pois sendo um modelo rotativo nunca estará presente nos edifícios a totalidade dos nossos colaboradores", acrescentou a operadora de telecomunicações, salientando que os grupos de risco "ficarão em regime de teletrabalho".
Na Nowo e Oni, todas as equipas que operam nos seus escritórios foram colocadas em teletrabalho "desde o início do estado de emergência, mantendo-se assim até à data", disse fonte oficial.
"Esta foi uma adaptação que decorreu de uma forma muito positiva e natural não afetando a operação. Dado a forma eficiente como nos adaptámos ao teletrabalho, não é para nós uma urgência o regresso aos escritórios", acrescentou.
"Estamos a acompanhar de perto a evolução epidemiológica no país, existindo da nossa parte uma preocupação em garantir um regresso aos escritórios da forma mais segura possível, através de um plano flexível, cauteloso e sobretudo bem estruturado. Está em curso uma avaliação dos perfis de risco dos nossos colaboradores em parceria com a Workcare, no âmbito da Segurança e Saúde do Trabalho, e com a finalidade da proteção e segurança do trabalhador e terceiros", explicou.
"O mesmo será avaliado pelos profissionais de saúde, que irão emitir uma decisão sobre o regresso, ou não, do colaborador às instalações da empresa. Em simultâneo, estão a ser avaliados os meios de transporte e localizações de cada colaborador permitindo-nos igualmente identificar soluções adequadas para cada um dos casos de forma a garantir uma movimentação segura no dia-a-dia de cada um", concluiu.
Por exemplo, a área de consumo da Huawei em Portugal -- que conta com pouco mais de 30 pessoas --, tinha o regresso ao escritório previsto para final de junho e, face aos últimos desenvolvimentos, adiou para 31 de julho.