Covid-19. China torna-se na primeira grande economia a crescer

A China tornou-se o primeiro grande país a retomar o crescimento económico, desde o início da pandemia da covid-19, alcançando uma expansão inesperada de 3,2%, no segundo trimestre, foi hoje anunciado.

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Lusa
16/07/2020 07:10 ‧ 16/07/2020 por Lusa

Economia

Covid-19

De acordo com o Gabinete Nacional de Estatísticas chinês, os dados mostraram uma melhoria dramática, depois de ter sido retomada a atividade económica, em relação à contração de 6,8% registada no trimestre anterior, o pior desempenho da economia do país desde 1970.

No entanto, o crescimento alcançado entre abril e junho foi, ainda assim, no ritmo mais lento desde que a China começou a divulgar dados trimestralmente, no início dos anos 1990.

"Esperamos ver uma melhoria contínua nos próximos trimestres ", apontou Marcella Chow, do banco de investimento JP Morgan Asset Management, num relatório.

A China, onde a pandemia do novo coronavírus começou em dezembro passado, foi o primeiro país a tomar medidas de confinamento altamente restritivas, mas também o primeiro a reabrir, em março, depois de o Partido Comunista ter declarado vitória no combate contra a doença.

"A economia nacional foi de uma contração para se expandir", disse o GNE, em comunicado.

Economistas consideraram que a China vai recuperar provavelmente com mais rapidez do que outras grandes economias, devido à decisão do Governo chinês de ter imposto medidas de prevenção mais restritivas.

As autoridades isolaram cidades com um total de 60 milhões de pessoas e suspenderam o comércio e viagens após terem reconhecido a gravidade da epidemia, no final de janeiro.

O setor manufatureiro e outras indústrias estão a regressar aos níveis normais de atividade, mas os gastos dos consumidores permanecem fracos, devido à insegurança laboral.

Cinemas e alguns negócios permanecem encerrados ou com limitações no número de pessoas que podem atender.

"A pandemia está a criar vencedores e perdedores", disse Bill Adams, da consultora PNC Financial Services Group, num relatório. "A manufatura está a liderar a recuperação da China", apontou.

Analistas do setor privado afirmaram que até 30% da força de trabalho urbana, ou até 130 milhões de pessoas, podem ter perdido o emprego, pelo menos temporariamente. Cerca de 25 milhões de empregos podem ter desaparecido para sempre este ano.

Em maio, o Partido Comunista prometeu gastar 280 mil milhões de dólares (cerca de 246 mil milhões de euros) para estimular a economia, incluindo a criação de nove milhões de novos empregos, mas evitou juntar-se aos Estados Unidos, Japão e Europa no lançamento de pacotes de estímulo no valor de biliões de dólares, devido ao receio de aumentar o endividamento público.

No segundo trimestre do ano, a produção industrial subiu 4,4%, recuperando-se de uma contração de 8,4% no trimestre anterior, após a reabertura das fábricas que fornecem telemóveis, sapatos, brinquedos e outros bens para todo o mundo.

As vendas do retalho caíram 3,9%, em termos homólogos, uma melhoria em relação à contração de 19%, no trimestre anterior, quando milhões de famílias permaneceram confinadas em casa. As vendas do comércio eletrónico cresceram 14,3%, acima dos 5,9% registados no trimestre anterior.

As medidas para combater a pandemia paralisaram setores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 579 mil mortos e infetou mais de 13,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

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