De acordo com dados comunicados hoje à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), juntamente com os resultados semestrais (lucro de 76 milhões de euros), o banco liderado por Miguel Maya deu conta das mais de 120 mil moratórias aprovadas, no valor de quase nove mil milhões de euros.
Das cerca de 120 mil moratórias, mais de 97 mil dizem respeito às famílias, totalizando quatro mil milhões de euros, e às empresas foram aprovadas mais de 26.500 mil moratórias, no valor de 4,7 mil milhões de euros.
Em relação às famílias, de acordo com o que comunicou à CMVM, o banco aprovou 97.419 moratórias, das quais 57.727 dizem respeito à moratória pública e 39.692 à moratória da Associação Portuguesa de Bancos (APB).
Segundo o BCP, "92% das moratórias de particulares aprovadas são relativas a crédito à habitação".
Já no campo das empresas, foram aprovadas 26.905 moratórias, e o banco presidido por Miguel Maya assinalou também que disponibilizou às empresas mais de 2,5 mil milhões de euros de financiamento "ao abrigo das linhas covid-19 (38,0% do montante total), com desembolsos efetuados superiores a 2,2 mil milhões" de euros.
Em junho, o Governo decidiu estender - de setembro deste ano para 31 de março de 2021 - as moratórias para créditos de empresas e particulares (que suspendem pagamentos de capital e/ou juros) e alargou também as condições em que os clientes podem aceder às moratórias.
Há ainda as moratórias privadas, da Associação Portuguesa de Bancos (APB), da Associação de Instituições de Crédito Especializado (ASFAC) e da Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting (ALF). Estas aplicam-se aos contratos de crédito que não beneficiam da moratória pública, caso dos contratos de crédito pessoal (com exceção dos contratos de crédito ao consumo com finalidade educação, uma vez que estes já são cobertos pela moratória pública), crédito automóvel e cartões de crédito.
As moratórias de crédito foram criadas como uma ajuda a famílias e empresas penalizadas pela crise económica desencadeada pela pandemia de covid-19.
Segundo estimativas do Banco de Portugal, divulgadas em 24 de junho no Relatório de Estabilidade Financeira, as necessidades de liquidez para a amortização regular de capital e juros de empréstimos entre abril deste ano e março de 2021 ascendem a 17,3 mil milhões no caso das empresas e a 12,2 mil milhões de euros no caso de particulares (crédito à habitação e crédito para consumo e outros fins). Ou seja, seria este o valor que empresas e famílias teriam de pagar na totalidade se não houvesse moratórias.