"Depois da recente crise, estima-se que o nosso Produto Interno Bruto cairá cerca de 6% este ano, face ao prognóstico inicial de queda de 1,6%, num cenário mais pessimista estaríamos a falar de uma queda de 8 a 9%, que apesar de ser uma deterioração importante está muito abaixo dos níveis de muitas economias desenvolvidas e em desenvolvimento, que estimam taxas de crescimento negativas de dois dígitos", disse o Governo.
De acordo com um comunicado do Ministério das Finanças, lançado na segunda-feira, no seguimento da apresentação da demissão em bloco do executivo, o ministro das Finanças em funções, César Augusto Mba Abogo, escreveu que "o Governo tomou a decisão de reestruturar o gabinete ministerial para acelerar a implementação das medidas económicas e de caráter estrutural que se encontram em execução".
No texto, admitiu-se que o país "enfrenta uma crise económica sem precedentes, cuja dimensão é ainda desconhecida face à incerteza sobre a evolução e a duração da pandemia", devido ao efeito da pandemia e à quebra dos preços do petróleo.
Mas salientou-se que é assim em todo o mundo e que apesar disso "a Guiné Equatorial continua a ser uma economia altamente solvente, com um enorme potencial para o desenvolvimento e crescimento graças ao importante volume de infraestruturas económicas e sociais de alto nível e aos novos desenvolvimentos do setor do gás, assim como à estabilidade política e social".
A Guiné Equatorial está em recessão económica desde 2015, ano em que o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 9%, e previa-se uma queda inferior a 6% no ano passado, mas o crescimento económico negativo deverá prolongar-se pelo menos este ano.
Com uma dívida pública à volta dos 40% do PIB, confortavelmente abaixo dos níveis médios do continente, o país está sob apoio do Fundo Monetário Internacional e planeia emitir dívida pública, "cujo processo está em estado muito avançado", para reduzir os pagamentos em atrasos ao setor da construção civil.
"Estamos convencidos que todo o pacote de reformas estruturais orientado para o restabelecimento do crescimento económico, a industrialização e diversificação das suas fontes de crescimento, o fortalecimento do sistema de financiamento como motor fundamental para o crescimento do setor não petrolífero, a melhoria do clima de negócios e a governação e a luta contra a corrupção vão ajudar-nos a superar a crise conjuntural e alcançar a inclusão social e a sustentabilidade económica", frisou.
Em África, há 25.884 mortos confirmados em mais de 1,1 milhões de infetados pelo novo coronavírus em 55 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia no continente.
A Guiné Equatorial, que integra a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), tem 4.821 infetados e 83 óbitos, um número que se mantém constante desde 01 de agosto.
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 774.832 mortos e infetou mais de 21,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Desde a sua independência de Espanha, em 1968, a Guiné Equatorial tem sido considerada pelos grupos de direitos humanos como um dos países mais repressivos do mundo, devido a alegações de detenção e tortura de dissidentes e de fraude eleitoral.
Obiang, que tem liderado o país com "punho de ferro" desde 1979, quando derrubou o seu tio Francisco Macias num golpe de estado, é o Presidente em funções há mais tempo em todo mundo.
A Guiné Equatorial integra a CPLP desde 2014.