O Índice de Industrialização e Transição Energética (IETI, em inglês) aponta que tem havido uma desindustrialização na Europa e que o peso da indústria em Portugal tem caído a um ritmo mais alto.
No documento, os autores do estudo apontam que o peso da indústria na economia portuguesa caiu 4,5 pontos percentuais entre 1995 e 2023, para 13,6%, enquanto na Europa a descida foi de 3,4 pontos percentuais, para 16,4%. Este indicador é medido como percentagem do valor acrescentado bruto (VAB) da indústria no valor acrescentado bruto total.
Dos seis indicadores avaliados, dois estão no ritmo certo e quatro estão atrasados, o que leva a consultora a considerar também o processo de industrialização como atrasado.
"Apesar do forte investimento em ativos fixos e dos níveis estáveis de produção de veículos, as despesas em I&D [investigação e desenvolvimento] quase estagnaram na última década, o que pode comprometer a inovação futura", refere a análise.
A análise vê a resiliência industrial e energética como "a base da competitividade futura", destacando que Portugal parte com um vantagem estratégica, através da sua capacidade de produzir energia "limpa, segura e de baixo custo", podendo ser até 20% mais barata que a média europeia.
Nesse sentido, a análise coloca a Portugal 'on track' (em curso) no campo da transição energética.
"Portugal está a progredir positivamente nos objetivos de redução das emissões e no aumento das renováveis no consumo final de energia. Além disso, as vendas de veículos elétricos e os progressos nos projetos de hidrogénio verde estão 'on track' ou acima das expectativas", refere a análise, mas que acrescenta que tecnologias como o biometano e os biocombustíveis "estão atrasadas".
O relatório da consultora regista ainda que os preços da energia são competitivos para a indústria e que, apesar das importações de energia continuarem elevadas, estão "no bom caminho para atingir o objetivo definido para 2030".
No total, são oito os indicadores para a transição energética, estando Portugal com um desempenho avançado em três, dentro do esperado em outros três e atrasado na produção de moléculas renováveis.
"O investimento em energias renováveis é fundamental pois contribui para a eletrificação dos três setores com maiores emissões em Portugal: transportes (30% das emissões), indústria (25%) e produção de energia (17%); mantém os preços da eletricidade baixos; e viabiliza projetos com bastante valor para o país, como a produção de hidrogénio", afirmou a sócia sénior da consultora, Maria João Ribeirinho, citada em comunicado.
Por sua vez, o sócio da McKinsey, André Anacleto, apontou que "uma indústria mais forte impulsionará a transição energética, e a transição energética é uma oportunidade para construir uma indústria mais forte em Portugal, bem como para tornar o país mais atrativo para o investimento das empresas do setor industrial".
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