"Os impactos da pandemia da covid-19 estão a exacerbar as métricas de crédito da Zâmbia, revelando uma contração económica, alargando os défices orçamentais e aumentando o volume e o peso do serviço da dívida", escrevem os analistas da Standard & Poor's na última avaliação sobre a qualidade de crédito soberano deste país africano.
"Ainda assim, a Zâmbia continua a honrar as suas obrigações financeiras comerciais, procurando um apoio do Fundo Monetário Internacional e revendo as opções com os consultores da dívida, por isso mantemos a nossa avaliação em CCC e mantemos também a Perspetiva de Evolução Negativa", explicam os analistas.
O nível de 'rating' CCC é o terceiro mais baixo na escala de avaliação da capacidade de um país pagar aos credores, e implica que sem condições económicas, financeiras e comerciais favoráveis, dificilmente conseguirá pagar a dívida.
Para a S&P, "a Perspetiva de Evolução [Outlook, no original em inglês] é negativa porque a Zâmbia é vulnerável, nos próximos seis a 12 meses, a não conseguir pagar as obrigações financeiras comerciais, apesar de não se ver um cenário de 'default' iminente".
No entanto, concluem, "a capacidade de o país continuar a servir a sua dívida comercial no próximo ano depende das condições económicas e do resultado das negociações em curso com os credores oficiais".
No caso da Tanzânia, a avaliação feita pela Moody's é mais negativa, já que reviu em baixa o 'rating' do país, que passou de B1 para B2, ambos abaixo da recomendação de investimento, ou seja, 'lixo', como é geralmente conhecido.
"A descida para B2 reflete a opinião da Moody's de que a governação continua muito fraca, o que aumenta o perfil de crédito de risco do país, em particular devido à imprevisibilidade política, que influencia o investimento externo, o crescimento potencial e a robustez do Governo" deste país que é vizinho, a norte, de Moçambique.
"A Perspetiva de Evolução Estável equilibra a economia relativamente grande e diversificada com a fraqueza institucional, o que mina a robustez orçamental", conclui a Moody's.
Desde o início da pandemia, em março, as agências de notação financeira têm revisto dezenas de 'rating' devido aos impactos das medidas de contenção da propagação da covid-19, tendo sido particularmente ativas em África, um continente que, para além do impacto de saúde, sofreu também o fortíssimo impacto económico da descida do preço dos petróleo e da abrupta diminuição da procura de matérias primas, a principal fonte de exportações do continente.
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 793.847 mortos e infetou mais de 22,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.