"Acreditamos que somos um porto de abrigo e não um perigo ameaçador. Por isso, se não vier ao Nogueira's, vá ao Flow, vá ao Terminal 4450, vá ao Brasaria, vá ao Guilty, vá a todos os que merecem o seu apoio neste inverno doloroso", lê-se numa publicação na página do restaurante na rede social Facebook que salienta que "a lista de restaurantes a colocar é interminável".
Salientando que, em circunstâncias normais, não fariam tal pedido, os autores da publicação salientam que "o importante é ir", na medida em que todos precisam do contributo dos clientes para sobreviver.
No texto publicado ao início da tarde e intitulado "Vá ao Flow", aquele restaurante portuense salienta que, apesar de o verão ter trazido uma "lufada de ar fresco", a evolução da pandemia, em "jeito de deja vu", está a deixar novamente os estabelecimentos "sem ar" e desta vez o cenário é "mais negro".
"As defesas ainda estão a ser reconstruídas e já estamos novamente sobre ataque", lê-se na publicação, onde se ressalva que sempre foram respeitadas as medidas e vontades de quem manda.
Os responsáveis do restaurante situado na baixa do Porto salientam que, tal como muitos empresários, tudo fizeram para manter os postos de trabalhos durante os meses de "pura angústia e dificuldade", mesmo sem saber o que o futuro reservaria.
Em declarações à Lusa, um dos proprietários do Nogueira's, Henrique Nogueira, refere que o negócio está a ser muito afetado pela pandemia de Covid-19, tendo, por exemplo, reduzido o número de refeições servidas de 300 para 30 em dias que antes da pandemia eram de casa cheia. "Já só estamos a falar de sobreviver", disse.
O empresário do setor da restauração explicou que a ideia foi lançada por outro restaurante portuense, o Lado B, antes mesmo de ter sido conhecida, na segunda-feira, a campanha da Burger King, no Reino Unido, onde a cadeia apela ao consumo dos produtos do rival McDonald's.
Numa publicação sua página da rede social Facebook, intitulada "Vamos todos ajudar os restaurantes" o Lado B sublinha que se adivinham tempos difíceis, se a primeira vaga obrigou a encerrar portas, a segunda vaga "mais controlada por agora", pede alguma antecipação e muita imaginação.
"Se antes já aconselhávamos os vizinhos, ou porque estávamos cheios ou encerrados para descanso, entendemos agora que a restauração não deve caminhar por si, individualmente. Para salvar milhares e milhares de empregos, hoje todos os restaurantes precisam do seu apoio", lê-se no texto publicado no dia 1 de novembro e onde se sugere cerca de 30 alternativas ao Plano B.
Apesar de não ter ainda noção do número de restaurante que aderiram a esta iniciativa, Henrique Nogueira adianta que há já outros estabelecimentos que entram em contacto demonstram vontade de integrar a campanha.
Na sexta-feira, a Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) tinha já apelado ao Governo para não tomar medidas que restringissem a atividade das empresas, acentuando que, se tal suceder, serão necessários apoios "mais robustos", nomeadamente de um acesso ao 'lay-off' simplificado desligado de quebras de faturação.
Se não houver essa resposta, a AHRESP alerta que se irá assistir a uma situação, "sem precedentes, de encerramento massivo das empresas".
No mesmo dia, o final da reunião da Concertação Social, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira referiu que o Governo está a ponderar novas medidas de apoio ao emprego e às empresas em resposta ao agravamento da pandemia de Covid-19.