Bruxelas melhora previsões. PIB deverá contrair 9,3% este ano

Em julho, a Comissão Europeia antecipava uma quebra de 9,8% para este ano. Segundo Bruxelas, para o futuro "os riscos estão ainda numa dinâmica descendente devido à alta dependência de Portugal no turismo estrangeiro, onde a incerteza permanece significativa".

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Beatriz Vasconcelos com Lusa
05/11/2020 09:58 ‧ 05/11/2020 por Beatriz Vasconcelos com Lusa

Economia

Bruxelas

A Comissão Europeia (CE) melhorou, esta quinta-feira, a previsão para a queda da economia portuguesa em 2020, esperando agora uma contração de 9,3%, o que compara com os 9,8% previstos em julho, de acordo com as previsões económicas de outuno

Os números agora conhecidos são, ainda assim, mais pessimistas que os previstos pelo Banco de Portugal (queda de 8,1%) e pelo Ministério das Finanças (-8,5%), estando em linha com as previsões do Conselho das Finanças Públicas (também -9,3%).

Por outro lado, são mais otimistas que os da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE, -9,4%) e do que as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI, -10,0%).

Para 2021, a Comissão Europeia prevê um crescimento económico de 5,4% em Portugal (o mesmo valor que o previsto pelo Governo), uma revisão em baixa das suas estimativas de julho (crescimento de 6,0%), esperando ainda um crescimento de 3,5% do PIB em 2022.

 Os riscos estão ainda numa dinâmica descendente devido à alta dependência de Portugal no turismo estrangeiro, onde a incerteza permanece significativaDe acordo com a Comissão Europeia, face à crise económica causada pela pandemia da Covid-19, "o turismo foi o setor mais afetado", ficando o setor da hospitalidade "bem abaixo da sua capacidade", não devendo "recuperar totalmente no horizonte das previsões" económicas feitas por Bruxelas.

"Com o relaxamento gradual das medidas de distanciamento social durante o verão, a economia começou a recuperar, e muitos setores, particularmente a indústria transformadora, voltaram em grande medida aos níveis pré-pandemia", pode ler-se nas previsões económicas de outono.

Segundo Bruxelas, para o futuro "os riscos estão ainda numa dinâmica descendente devido à alta dependência de Portugal no turismo estrangeiro, onde a incerteza permanece significativa".

"Nas componentes da procura interna, o consumo privado decresceu 13,3% (face ao período homólogo de 2019) no segundo trimestre, dado que surgiram poupanças 'forçadas' e por precaução nas famílias", observa ainda a Comissão Europeia.

Bruxelas denota ainda que "o investimento contraiu 9,8% num todo com um declínio forte em investimento em equipamentos, mas o investimento na construção manteve um crescimento positivo".

"Beneficiando de uma política de resposta do Governo à crise e ao ciclo de financiamento da UE [União Europeia], a procura doméstica deverá retomar os níveis pré-pandemia no final de 2022", projeta ainda a Comissão.

Observando que "as exportações caíram mais que as importações", Bruxelas denota que a prestação económica nesse campo "diferiu bastante entre bens e serviços".

"Ao passo que a balança de bens melhorou e os volumes de comércio recuperaram a um ritmo sólido, a balança de serviços sofreu uma larga deterioração e tem perspetivas de recuperação muito piores", segundo o executivo europeu.

A sustentar o pessimismo nesta área, Bruxelas assinala que "o turismo estrangeiro, que contabilizou 52% das exportações de serviços em 2019, caiu mais de 90% no segundo trimestre deste ano e permaneceu substancialmente abaixo dos níveis pré-pandemia durante o verão".

"Como grande parte do setor depende do transporte áereo, Portugal também está a ter uma maior concorrência de destinos a que se chega mais frequentemente por estrada", assinala Bruxelas.

A Comissão Europeia espera uma contração de 21% exportações e de 15,6% das importações em 2020, esperando uma recuperação de 9,7% e 7,5%, respetivamente, em 2021, baixando depois para um aumento de 5,4% nas exportações e 5,0% nas importações em 2022.

Bruxelas melhora previsão e vê desemprego nacional nos 8% este ano

A Comissão Europeia melhorou também as previsões relativas à taxa de desemprego portuguesa para 2020, esperando agora que se situe nos 8% este ano, depois de ter previsto 9,7% em maio.

Bruxelas piora previsão de défice para 7,3% 

A Comissão Europeia piorou as previsões para o défice e a dívida pública portuguesa para 2020, esperando um saldo orçamental de -7,3% do Produto Interno Bruto (PIB), como o Governo, e uma dívida pública de 135,1% do PIB.

Além de igualarem a previsão do Governo para o défice em 2020, as previsões económicas de outono, hoje divulgadas, são mais otimistas que as do Fundo Monetário Internacional (FMI), que prevê um saldo orçamental de -8,4% do PIB, e que as da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE, -7,9%), sendo mais otimistas em uma décima (-7,2%) que as do Conselho das Finanças Públicas (CFP).

Relativamente à dívida pública, o número é mais negativo em três décimas do que o esperado pelo Governo (134,8% do PIB), mas mais otimista face às previsões do FMI (137,2%), CFP (137,6%) e OCDE (135,9%).

[Notícia atualizada às 10h25]

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