Bruxelas melhora previsões. PIB deverá contrair 9,3% este ano
Em julho, a Comissão Europeia antecipava uma quebra de 9,8% para este ano. Segundo Bruxelas, para o futuro "os riscos estão ainda numa dinâmica descendente devido à alta dependência de Portugal no turismo estrangeiro, onde a incerteza permanece significativa".
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Economia Bruxelas
A Comissão Europeia (CE) melhorou, esta quinta-feira, a previsão para a queda da economia portuguesa em 2020, esperando agora uma contração de 9,3%, o que compara com os 9,8% previstos em julho, de acordo com as previsões económicas de outuno.
Os números agora conhecidos são, ainda assim, mais pessimistas que os previstos pelo Banco de Portugal (queda de 8,1%) e pelo Ministério das Finanças (-8,5%), estando em linha com as previsões do Conselho das Finanças Públicas (também -9,3%).
Por outro lado, são mais otimistas que os da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE, -9,4%) e do que as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI, -10,0%).
Para 2021, a Comissão Europeia prevê um crescimento económico de 5,4% em Portugal (o mesmo valor que o previsto pelo Governo), uma revisão em baixa das suas estimativas de julho (crescimento de 6,0%), esperando ainda um crescimento de 3,5% do PIB em 2022.
Os riscos estão ainda numa dinâmica descendente devido à alta dependência de Portugal no turismo estrangeiro, onde a incerteza permanece significativaDe acordo com a Comissão Europeia, face à crise económica causada pela pandemia da Covid-19, "o turismo foi o setor mais afetado", ficando o setor da hospitalidade "bem abaixo da sua capacidade", não devendo "recuperar totalmente no horizonte das previsões" económicas feitas por Bruxelas.
"Com o relaxamento gradual das medidas de distanciamento social durante o verão, a economia começou a recuperar, e muitos setores, particularmente a indústria transformadora, voltaram em grande medida aos níveis pré-pandemia", pode ler-se nas previsões económicas de outono.
Segundo Bruxelas, para o futuro "os riscos estão ainda numa dinâmica descendente devido à alta dependência de Portugal no turismo estrangeiro, onde a incerteza permanece significativa".
"Nas componentes da procura interna, o consumo privado decresceu 13,3% (face ao período homólogo de 2019) no segundo trimestre, dado que surgiram poupanças 'forçadas' e por precaução nas famílias", observa ainda a Comissão Europeia.
Bruxelas denota ainda que "o investimento contraiu 9,8% num todo com um declínio forte em investimento em equipamentos, mas o investimento na construção manteve um crescimento positivo".
"Beneficiando de uma política de resposta do Governo à crise e ao ciclo de financiamento da UE [União Europeia], a procura doméstica deverá retomar os níveis pré-pandemia no final de 2022", projeta ainda a Comissão.
Observando que "as exportações caíram mais que as importações", Bruxelas denota que a prestação económica nesse campo "diferiu bastante entre bens e serviços".
"Ao passo que a balança de bens melhorou e os volumes de comércio recuperaram a um ritmo sólido, a balança de serviços sofreu uma larga deterioração e tem perspetivas de recuperação muito piores", segundo o executivo europeu.
A sustentar o pessimismo nesta área, Bruxelas assinala que "o turismo estrangeiro, que contabilizou 52% das exportações de serviços em 2019, caiu mais de 90% no segundo trimestre deste ano e permaneceu substancialmente abaixo dos níveis pré-pandemia durante o verão".
"Como grande parte do setor depende do transporte áereo, Portugal também está a ter uma maior concorrência de destinos a que se chega mais frequentemente por estrada", assinala Bruxelas.
A Comissão Europeia espera uma contração de 21% exportações e de 15,6% das importações em 2020, esperando uma recuperação de 9,7% e 7,5%, respetivamente, em 2021, baixando depois para um aumento de 5,4% nas exportações e 5,0% nas importações em 2022.
#ECForecast: the economic impact of the pandemic has differed across the EU and the same is true of recovery prospects. This reflects the spread of the virus, the stringency of public health measures, the sectoral composition of economies and the strength of national responses. pic.twitter.com/Ax8uMgP9ua
— EU Economy & Finance (@ecfin) November 5, 2020
Bruxelas melhora previsão e vê desemprego nacional nos 8% este ano
A Comissão Europeia melhorou também as previsões relativas à taxa de desemprego portuguesa para 2020, esperando agora que se situe nos 8% este ano, depois de ter previsto 9,7% em maio.
Bruxelas piora previsão de défice para 7,3%
A Comissão Europeia piorou as previsões para o défice e a dívida pública portuguesa para 2020, esperando um saldo orçamental de -7,3% do Produto Interno Bruto (PIB), como o Governo, e uma dívida pública de 135,1% do PIB.
Além de igualarem a previsão do Governo para o défice em 2020, as previsões económicas de outono, hoje divulgadas, são mais otimistas que as do Fundo Monetário Internacional (FMI), que prevê um saldo orçamental de -8,4% do PIB, e que as da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE, -7,9%), sendo mais otimistas em uma décima (-7,2%) que as do Conselho das Finanças Públicas (CFP).
Relativamente à dívida pública, o número é mais negativo em três décimas do que o esperado pelo Governo (134,8% do PIB), mas mais otimista face às previsões do FMI (137,2%), CFP (137,6%) e OCDE (135,9%).
[Notícia atualizada às 10h25]
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