Metade dos países só recupera totalmente da pandemia em 2023
Quase metade dos Estados-membros da União Europeia (UE) não vai conseguir recuperar totalmente a economia dos efeitos da covid-19 até final de 2022, sendo que países dependentes do turismo, como Portugal, devem demorar mais, estima a Comissão Europeia.
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Economia Bruxelas
"Quase metade dos nossos Estados-membros não deverão recuperar o seu Produto Interno Bruto [PIB] a níveis anteriores à pandemia até ao final de 2022", declarou o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, falando em conferência de imprensa, em Bruxelas, na apresentação das previsões macroeconómicas de outono do executivo comunitário.
Segundo o responsável, esta estimativa "reflete a diferença na gravidade da pandemia e o rigor das medidas de contenção relacionadas", mas também "diferenças nas respostas políticas internas e nas estruturas económicas".
"Espera-se, inclusivamente, que os países com grandes setores de turismo demorem mais tempo a alcançar uma recuperação total", acrescentou Paolo Gentiloni.
A Comissão Europeia reviu hoje em baixa o ritmo de retoma da economia da zona euro em 2021 face ao ressurgimento da pandemia da covid-19, estimando agora que só recupere 4,2% após uma contração de 7,8% este ano.
Nas suas previsões económicas de outono, hoje publicadas, Bruxelas melhora ligeiramente as projeções macroeconómicas para este ano, antecipando agora um recuo do PIB na ordem dos 7,8% no espaço da moeda única -- o que continua a ser um recorde negativo -, quando em julho, nas previsões intercalares de verão, apontava para uma queda de 8,7%.
Para o conjunto dos 27 Estados-membros, a Comissão também melhora em nove décimas a previsão de julho passado, antecipando agora um recuo de 7,4% este ano, contra 8,3% no verão.
Paolo Gentiloni explicou à imprensa que, para chegar a estas previsões, o executivo comunitário assumiu que "algum grau de medidas de contenção permanecerá em vigor ao longo do horizonte de previsão", isto é, até 2022.
"Isto explica o caminho mais lento da recuperação", realçou o comissário europeu, recordando que, "após um aperto significativo no quarto trimestre de 2020", com a introdução de novas medidas de contenção como confinamentos mais ligeiros e encerramento de estabelecimentos, é esperado que "o rigor das medidas diminua gradualmente em 2021".
Insistindo que "não é fácil ter sólidas previsões numa situação tão incerta", Paolo Gentiloni deu como certo que "a pandemia causou a recessão mais profunda da história da UE no primeiro semestre de 2020, ultrapassando a que se verificou na grande crise financeira".
"Esta contração, que foi desigual entre os Estados-membros, foi seguida de uma forte recuperação no terceiro trimestre, uma vez que as medidas de contenção foram atenuadas", acrescentou o responsável, notando que, nas últimas semanas, "a retoma foi interrompida" devido ao ressurgimento das infeções.
Mas ainda antes desta segunda vaga da covid-19, a Comissão Europeia verificou que "certas partes da indústria, como a construção e comércio a retalho recuperaram vigorosamente durante o verão, impulsionados por uma forte procura reprimida", de acordo com Paolo Gentiloni.
Porém, o mesmo não aconteceu nos serviços que dependem de contactos de pessoa a pessoa, cujo níveis de atividade "têm permanecido mais fracos, uma vez que as medidas de contenção têm permanecido em vigor, afetando a procura e a oferta de serviços que envolvem, por exemplo, viagens, turismo, restaurantes e entretenimento", adiantou o comissário europeu.
Portugal é um dos países europeus mais dependentes do setor do turismo, que tem vindo a pesar cada vez mais na economia nacional, representando quase 15% do PIB e 9% do emprego.
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