Recuperação económica pode ser "turbulenta", avisa Lagarde

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, avisou hoje que a recuperação económica da pandemia de covid-19 poderá ser "turbulenta" e dependente do ritmo de distribuição de uma vacina.

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Lusa
11/11/2020 13:47 ‧ 11/11/2020 por Lusa

Economia

BCE

"Infelizmente a recuperação económica da emergência pandémica pode muito bem ser turbulenta. Estamos a assistir a um forte ressurgimento do vírus e isto introduziu uma nova dinâmica", disse Christine Lagarde na abertura do Fórum do BCE sobre Bancos Centrais, que decorre este ano virtualmente devido à pandemia.

No evento, que normalmente se realiza em Sintra, no distrito de Lisboa, Lagarde acrescentou que a recuperação económica "pode não ser linear, mas sim irregular, em 'para-arranca', e contingente ao ritmo de distribuição da vacina".

"Acima de tudo, temos de assegurar que esta quebra excecional permanece apenas isso - excecional - e não se torna numa recessão mais convencional que se alimenta de si própria. Mesmo que esta segunda onda do vírus se provar ser menos intensa que a primeira, não coloca menos perigos à economia", disse Christine Lagarde na declaração de abertura do evento.

A líder do BCE receia que comportamentos adotados durante a pandemia se possam tornar permanentes, com as famílias "a tornarem-se mais receosas acerca do futuro e a aumentarem as suas poupanças preventivas".

Relativamente às empresas, a antiga diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) referiu que "as que sobreviveram até agora ao aumentarem os créditos podem decidir que permanecer abertas já não faz sentido em termos de negócio", algo que aliado às restrições impostas por razões de saúde poderia ter efeitos no emprego indireto e causar uma redução de produção nas empresas que alimentam outras maiores.

"Se isso acontecesse, a recessão poderia atravessar a economia para setores não diretamente afetados pela pandemia - e potencialmente acionar um circuito de retorno entre a economia real e o setor financeiro", alertou a responsável francesa.

Christine Lagarde assinalou que os bancos podem começar a "apertar os seus critérios de crédito, na crença de que fiabilidade do crédito às empresas está a deteriorar-se, levando as empresas a ficarem menos capazes de pedir empréstimos, a uma descida do crescimento do crédito e um aumento subsequente das perceções de risco dos bancos".

"O inquérito de crédito aos bancos do BCE já está a sinalizar um possível aperto nos próximos meses. Também estamos a observar indicações que as pequenas e médias empresas estão à espera de que o seu acesso a financiamento se deteriore", disse a presidente do BCE.

A responsável apontou também que a "política orçamental tem de permanecer no centro do esforço de estabilização" económica face à pandemia, mas também destacou que o apoio continuado da política monetária é "necessário para atingir" os objetivos de inflação do BCE, abaixo, mas perto dos 2%.

"A melhor contribuição que a política monetária pode fazer é assegurar condições de financiamento favoráveis para toda a economia", disse Lagarde, destacando a importância de evitar passagens entre setores da economia e apoio ao setor bancário.

Assim, a presidente do BCE defendeu que "o que importa é não só o nível das condições de financiamento, mas também a duração do apoio das políticas".

"Todos os setores da economia têm de ter confiança de que as condições de financiamento vão permanecer excecionalmente favoráveis enquanto for necessário - especialmente agora que o impacto económico da pandemia se vai estender bem dentro do próximo ano", referiu.

 

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