Web Summit: "Pandemia acelera transição energética e inovação"

O diretor de Inovação da Schneider Electric disse hoje à Lusa que a pandemia acelerou a transição energética e a inovação tecnológica e fez com que a população se tornasse mais consciente da emergência climática.

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Lusa
04/12/2020 14:10 ‧ 04/12/2020 por Lusa

Economia

Emmanuel Lagarrigue

Em entrevista à agência Lusa, à margem da participação na Web Summit, este ano em formato digital, devido à pandemia do novo coronavírus, Emmanuel Lagarrigue considerou que o momento "extremamente difícil" que o mundo atravessa, acabou também por ser "útil", na medida em que potenciou a consciencialização para a emergência climática e a inovação tecnológica para a transição energética.

"Muitas pessoas estão a repensar o que querem fazer da vida, se vão ter trabalho e qual é o seu objetivo. Isto está a produzir muita inovação", afirmou o diretor de inovação ('chief innovation officer') da multinacional francesa, especializada em produtos e serviços para distribuição elétrica, controlo e automação.

"No início deste ano, havia um forte 'momentum' [impulso] à volta da emergência climática. Depois chegou março e toda a gente começou a olhar para um tipo diferente de emergência. Podíamos ter perdido de vista a emergência climática, mas a boa notícia é que isso não aconteceu. Estamos muito mais conscientes agora do que há oito meses", apontou.

O responsável defendeu que a transição energética está a acelerar em direção à descarbonização e a uma energia descentralizada, dando como exemplo os números das vendas de carros elétricos do ano passado e deste.

Em 2019, disse, apenas 2% dos carros vendidos na Europa eram elétricos, ao passo que, em julho deste ano, o valor subiu para 10%, o que só era expectável em 2025.

"Em setembro, venderam-se mais carros elétricos na Europa, do que veículos a 'diesel' e nós nunca pensámos que isto pudesse acontecer [quando começou a pandemia]", acrescentou.

O diretor de Inovação da Schneider Electric disse que não ficará surpreso se, na próxima edição da Web Summit, se verificar o surgimento de muito mais empresas e 'startup', uma vez que há muita gente, neste momento, a pensar em novas ideias.

"Como em qualquer grande crise, como esta, tenho certeza de que haverá muita inovação, mas ainda não a vemos", sublinhou.

A Web Summit, considerada uma das maiores cimeiras tecnológicas do mundo, realiza-se este ano totalmente 'online' com "um público estimado de 100 mil" pessoas.

Para o cofundador do evento, o irlandês Paddy Cosgrave, o próximo grande desafio será trazer "100.000 pessoas a Lisboa", o que só acontecerá "em 2022 ou 2023".

Relativamente à polémica do pagamento de 11 milhões de euros (oito milhões pelo Governo e três milhões de euros pela câmara de Lisboa) por uma edição que é 'online', Paddy Cosgrave disse tratar-se de um assunto político, em que não se quer envolver. O CDS-PP enviou questões sobre o tema ao Governo e o vereador do Bloco de Esquerda (BE) à Câmara de Lisboa também questionou o pagamento do contrato.

A cimeira tecnológica teve início hoje e decorre até 04 de dezembro.

Estão inscritos "mais de 2.500 jornalistas", disse Cosgrave.

Após duas edições realizadas em Lisboa (2016 e 2017), a Web Summit e o Governo Português anunciaram, em Outubro de 2018, uma parceria a dez anos que permite manter a conferência na capital Portuguesa até 2028.

 

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