O Governo apresentou, esta sexta-feira, a proposta do plano de reestruturação da TAP que prevê um apoio de 970 milhões de euros. Pedro Nuno Santos admitiu que "se Estado não fizesse o que fez, a TAP falia", confirmou que a frota será cortada para 88 aviões, o corte de salários e de 2.000 empregos e revelou uma perda de receitas de 6,7 mil milhões até 2025.
O ministro das Infraestruturas, responsável pela apresentação do programa, começou por esclarecer alguns pontos prévios, admitindo que o plano de reestruturação pode ser alvo de alterações em Bruxelas.
"O privado não tinha dinheiro nem vontade de o injetar na TAP. Se o Estado não fizesse aquilo que fez, a TAP falia. Não houve nenhuma bravata sobre o privado", esclareceu Pedro Nuno Santos e acrescentou: "Havia uma alternativa: o Estado não injetar dinheiro na TAP e a TAP falia".
"Pagámos ao sócio privado para ele ir embora", adiantou. De recordar que o Governo anunciou que chegou a acordo com os privados, de modo a ficar com 72,5% da companhia aérea portuguesa, uma aquisição que ascendeu aos 55 milhões de euros.
Se para além da redução de efetivos não fizéssemos a redução salarial, teríamos de despedir mais pessoasOs números do plano de reestruturação
Depois, Pedro Nuno Santos avançou para o plano de reestruturação referindo-se a uma "crise sem precedentes no setor da aviação", mas sublinhando que a "TAP tem problemas adicionais, porque já tinha problemas antes da crise pandémica". A companhia aérea deverá transportar este ano 28% dos passageiros transportados no ano passado.
"A verdade é que a TAP tinha e tem um conjunto de ineficiências que a torna menos competitiva do que os seus mais diretos concorrentes", diz o ministro das Infraestruturas. "A TAP tem mais 19% de pilotos por aeronave do que praticamente todos os concorrentes. A TAP tem mais 28% de tripulantes por aeronave do que a maior parte dos concorrentes", disse Pedro Nuno Santos.
- Menos aviões (e receitas)
Pedro Nuno Santos adiantou que a TAP vai perder "6,7 mil milhões de euros em receitas até 2025". Relativamente à frota: "Queremos reduzir de 108 aviões para 88", disse Pedro Nuno Santos indicando que há um número de aviões mínimo.
- Despedimentos e cortes salariais
Relativamente aos postos de trabalho e aos salários, Pedro Nuno Santos confirmou os números já avançados pelos sindicatos: "Foram identificados 2.000 trabalhadores que não serão necessários à operação entre 2021 e 2022. Temos de reduzir efetivos na companhia e fazer corte salarial progressivo até 25%, que é muito intenso, mas mesmo assim permite poupar entre 600 a 1.000 postos de trabalho".
"Se para além da redução de efetivos não fizéssemos a redução salarial, teríamos de despedir mais pessoas", sublinhou o ministro.
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Pedro Nuno Santos admitiu que pretendia levar o plano de reestruturação da TAP a votação no plenário da Assembleia da República, mas não conseguiu. "Queria que fosse votado no parlamento, mas não consegui. É pena", reconheceu o ministro, em declarações ao semanário Expresso.