Durante a apresentação do plano de reestruturação da TAP, Pedro Nuno Santos referiu que até 2024 a companhia poderá precisar de um valor entre 3,4 mil milhões de euros e mais de 3,7 mil milhões de euros, estimando ainda que, nesse ano, poderá já gerar resultados operacionais positivos.
"O pior que podia acontecer era chegarmos a 2025 e voltarmos a ter problemas na TAP", salientou, referindo que este plano tem como objetivo fazer uma reestruturação tendo já em vista a operação a médio prazo.
O Estado espera que o seu contributo seja realizado, sobretudo, através de garantias públicas.
Segundo Pedro Nuno Santos, o Estado português não tem disponibilidade para injetar mais do que 1,4 mil milhões de euros acumulados até 2025.
Também presente na conferência de imprensa esteve o secretário de Estado do Tesouro, Miguel Cruz, que adiantou que a expectativa do Governo é de que, em 2025, a procura esteja "muito próxima" dos finais de 2019, ou seja, "acima dos três mil milhões de euros de receitas da TAP, S.A. em 2025".
Segundo Miguel Cruz, o Governo tem também a expectativa de que o equilíbrio operacional seja alcançado "algures entre 2021 e 2023".
"O equilíbrio de resultados será alcançado algures entre 2023 e 2024. Estamos a projetar resultados líquidos positivos já em 24 [...], no entanto, só em 2025 é que nós conseguimos ter uma situação de tal forma que permita à TAP gerar os recursos necessários para a sua operação [...] e devolver parte do empréstimo que recebe", acrescentou o secretário de Estado.
Questionado sobre qual o valor que o Estado pode ter de disponibilizar à companhia aérea (injeção de dinheiro ou através de garantias), o ministro das Infraestruturas disse que o Governo espera ficar abaixo dos 3,3 mil milhões de euros.
No entanto, Pedro Nuno Santos sublinhou que o "custo seria superior", caso se tivesse deixado cair a TAP, devido à sua posição estratégica na economia portuguesa.
"Quando fazemos a avaliação do que custa salvar a TAP, nunca podemos ignorar o que é que custaria perder a TAP", defendeu.
Relativamente a alianças futuras com outras companhias aéreas, o ministro que tutela a aviação disse ser um cenário que não está excluído.
"É muito difícil, eu já disse várias vezes, uma companhia aérea sozinha sobreviver no contexto altamente competitivo e global como é o mercado da aviação. Neste momento a questão não se coloca, porque nenhuma companhia aérea esta autorizada a adquirir comparticipações noutras companhias aéreas [...], mas não excluímos que no futuro se procurem alianças", afirmou.
Já quanto à venda de segmentos da TAP, Pedro Nuno Santos não escondeu que a M&E Brasil (Manutenção e Engenharia) é uma empresa com a qual o Governo não quer ficar.
"Não temos aqui, como devem imaginar, nenhum ganho relevante com a venda da M&E Brasil", admitiu o ministro, que disse ser preferível concentrar as necessidades de manutenção e engenharia nas oficinas em Portugal.
Em relação à venda de participações da TAP, o Governo entende que não seria relevante "do posto de vista financeiro".
O Governo entregou na quinta-feira o plano de reestruturação da TAP à Comissão Europeia, que, segundo detalhou hoje o ministro, prevê o despedimento de 500 pilotos, 750 tripulantes de cabine, 450 trabalhadores da manutenção e engenharia e 250 das restantes áreas.
O plano prevê, ainda, a redução de 25% da massa salarial do grupo e do número de aviões que compõem a frota da companhia, de 108 para 88.